Fui convidado a dar uma conferencia de 60 minutos de duração para falar aos dentistas durante a realização do próximo Congresso Internacional de Odontologia, a ser realizado no mês de julho, para falar sobre as hepatites virais, suas formas de transmissão e prevenção e ainda, como eles podem ajudar na divulgação das hepatites B e C e na suspeita de indivíduos infectados.
Para tal estarei mostrando algumas condições existentes na cavidade bucal, as quais recomendariam que o paciente procurasse um médico para realizar testes de função hepática.
É importante a divulgação das hepatites B e C entre os profissionais de odontologia, pois em cada 20 pacientes que entram no seu consultório um pode estar infectados com as hepatites B ou C, doenças que segundo a Organização Mundial da Saúde atingem em conjunto 550 milhões de pessoas no mundo.
Uma característica que pode mostrar uma infecção pelo vírus da hepatite C e a boca seca, mas esta também pode ser um doença chamada de Síndrome de Sjögren.
Indivíduos infectados com a hepatite C podem vir a desenvolver o Síndrome de Sjögren, uma enfermidade inflamatória crônica, que se caracteriza pela destruição progressiva de glândulas (como as que provocam a saliva ou as lagrimas), encarregadas de produzir secreções que lubrificam as mucosas que revestem alguns órgãos.
A função das glândulas se altera e como conseqüência se produz secura excessiva nos olhos, a boca ou outras membranas mucosas que revestem o espaço digestivo, respiratório e genital. O Síndrome do Sjögren pode manifestar-se só ou associado a outras enfermidades auto-imunes como artrite reumatóide ou Lúpus eritematoso sistêmico. Quando se associa, fala-se de síndrome do Sjögren secundário.
Ainda se desconhece se a doença, que ataca o sistema imune, e produzida por um vírus especifico. Se suspeita que seja uma doença auto-imune porque as células do organismo são danificados por células e proteínas do próprio sistema de defesa (sistema imune). O doente reage contra substâncias próprias dando lugar a inflamação e lesão de suas próprias células. No síndrome de Sjögren, células do sistema imune chamadas linfócitos infiltram as mucosas e outros tecidos do doente.
Infecciones virais crônicas, como as ocasionadas pelo vírus da hepatite C e o vírus da AIDS, podem provocar uma afetação das glândulas parecida, embora não idêntica, a que ocorre no síndrome de Sjögren.
Fatores genéticos poderiam estar associados, pois em ocasiões se desenvolve a enfermidade em vários membros de uma mesma família.
As manifestações clínicas variam muito de paciente a paciente, em alguns casos só existe secura de olhos e boca, enquanto que em outros se afetam múltiplos órgãos.
Os sintomas mais característicos desta enfermidade são os seguintes:
– Na boca, devido à falta de produção de saliva, produz-se boca seca, dificuldade ao tragar, diminuição do gosto e o olfato, ou o aumento do número de caries, já que a saliva elimina numerosas bactérias e em certa forma limpa a cavidade bocal.
– Nos olhos se produz uma queratoconjuntivitis seca com diminuição das lágrimas, ardência, fotofobia, dor e sensação de olhos arenosos.
Outros sintomas que podem acontecer são:
– Secura vaginal: as mulheres com síndrome de Sjögren se queixam com freqüência de dor durante o ato sexual.
– Artrite: pode acontecer dor e inflamação das articulações, sobre tudo nas mãos.
– Secura de traquéia e pulmão que pode dar lugar a pneumonia; otite; sangrado nasal; afetação de gânglios linfáticos ou baço, etc.
Também se acompanha de sintomas gerais como cansaço, que pode ser freqüente e molesto.
Do ponto de vista clínico, o síndrome de Sjögren se manifesta de duas formas:
– Como um síndrome primário, no qual não existe outra enfermidade auto-imune associada ou conhecida no momento do diagnóstico;
– Como síndrome secundário, quando existe outra enfermidade auto-imune associada.
Os dois tipos são freqüentes. Entretanto os sintomas do Síndrome de Sjögren primário são muito mais fortes. No secundário som os sintomas da enfermidade associadas os que predominam, ficando em um segundo término os sintomas do próprio síndrome.
A evolução clínica não é possível de ser prognosticar, embora a maioria dos pacientes manterão um curso relativamente estável de vários anos de evolução.
Durante o tratamento da hepatite C muitos pacientes apresentam sintomas de boca, olhos e vagina seca, e não se sabe ainda se o uso do interferon pode desencadear o síndrome e o mesmo permanecer após a finalização do tratamento. Pacientes que apresentem olhos secos devem procurar imediatamente um oftalmologista. Para a boca seca existem estimuladores da saliva que o seu médico poderá receitar e para a vagina seca se recomenda o uso de lubrificantes para realizar um ato sexual sem sofrimento.
Se não existem restrições, o consumo de mais de três litros de água por dia durante o tratamento podem melhorar grandemente os sintomas de secura. Mantenha sempre seu organismo hidratado.
Permanecendo a secura após o tratamento diversos exames deverão ser realizados para se saber se foi desencadeado o Síndrome de Sjögren.
Carlos Varaldo
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