Porque a hepatite C e considerada uma “doença silenciosa”?

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A Dra. Maria Sjogren, hepatologista do exercito dos Estados Unidos está realizando um interessante estudo sobre a hepatite C, considerada por muitos como o “assassino silencioso” ou “doença silenciosa” pelo fato de 80% dos infectados não apresentar nenhum sintoma. O objetivo do estudo de quatro anos de duração e estudar o que acontece com as pessoas diagnosticadas com a hepatite C durante o correr do tempo, como afeta sua qualidade de vida e o que acontece com os pacientes tratados.

O estudo foi desenhado desta forma porque o exercito americano somente tem dados referente a taxa de infectados, mas não possui dados sobre os resultados nestes pacientes, sejam eles acompanhados ou tratados.

Todos os militares diagnosticados com hepatite C eram informados do estudo e caso aceitassem eram encaminhados aos médicos que participavam da pesquisa onde eram submetidos a realização de uma biopsia do fígado (caso não tivesse sido realizada) para avaliar o grau da doença. Apos quatro anos uma nova biopsia foi realizada por ser este o único método confiável para se avaliar a progressão da doença.

Todos os pacientes tinham mais de 18 anos de idade. Foi encontrado que 30% apresentavam danos mínimos no fígado. Dos 70% que apresentavam um comprometimento maior no dano hepático entre 15 e 20% se encontravam na fase da cirrose (nos Estados Unidos a cirrose e a 12ª causa de morte, matando 26.000 pessoas por ano no país).

Os pesquisadores ofereceram tratamento a quase todos os pacientes (exceto aqueles que apresentavam um dano mínimo no fígado porque nestes existem possibilidades da doença não progredir). O tratamento foi de 24 ou 48 semanas conforme o genótipo e todos receberam o interferon peguilado combinado com a ribavirina.

Na entrevista inicial foi completado um questionário onde a maioria dos voluntários declarou estar deprimidos, ansiosos em relação as conseqüências da doença na família ou no seu trabalho e relatavam dificuldades no sono. Uma vez iniciado o tratamento eram realizadas entrevistas rotineiras se observando uma melhoria nestes indicadores. Comentam os autores que a resposta não era em função dos medicamentos e sim de forma subjetiva. A maioria relatava que se sentia melhor por achar que estava realizando alguma coisa para combater a doença.

Um outro fator importante para acalmar os pacientes do estudo foi a informação sobre a doença. Os autores da pesquisa informavam profundamente os pacientes sobre a doença e o tratamento. Com o conhecimento da doença a ansiedade desaparece na maioria deles. Antes de receber informações muitos relatavam pensar se tratar de uma doença igual ao HIV/AIDS ou ser uma doença fulminante que os poderia matar de um dia para outro.

O estudo, ainda em execução, está sendo realizado em 90 pacientes e destes seis já o completaram, 74 continuam sendo acompanhados, 10 desistiram e 1 morreu. A Dra. Sjogren informa que o sucesso do tratamento deste grupo de pacientes foi espetacular já que 70% deles conseguiram a cura. Ela especula que esta alta taxa de sucesso e devida ao acompanhamento permanente dos pacientes e a informação oferecida. Os dados finais do estudo deverão estar disponíveis no segundo semestre de 2007.

Fonte:
Dados retirados do site oficial do Exercito dos Estados Unidos – http://cdmrp.army.mil/

Carlos Varaldo
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