Sempre se especulou que a transmissão sexual da hepatite C entre homens que fazem sexo com homens, o qual passaremos a chamar ““HSH”” no texto deste artigo, seria facilitada pela possibilidade de feridas durante o sexo anal devido a pouca elasticidade e lubrificação como acontece na vagina da mulher. Um estudo que acaba de ser publicado na Public Health Reports relata um amplo estudo sobre o assunto.
Os autores da pesquisa reconhecem que diversos estudos realizados em grupos de ““HSH”” infectados com HIV/AIDS, não usuários de drogas ilícitas, despertou preocupação sobre a provável transmissão da hepatite C por via sexual, levando a recomendação que a hepatite C deveria ser testada rotineiramente entre indivíduos ““HSH”“.
Para avaliar se a recomendação da testagem rotineira desses indivíduos era necessária, eles compararam a incidência de anticorpos do HCV em grupos de indivíduos “HSH” não usuários de drogas e, também, em grupos de homens heterossexuais não usuários de drogas, todos eles atendidos em clinicas de doenças de transmissão sexual, em centros de testagem de HIV e em programas de aconselhamento de AIDS das cidades de Nova Iorque, Seattle e San Diego, nos Estados Unidos entre os anos de 1999 e 2003.
Os resultados mostram que a incidência de anticorpos do HCV no meio masculino usuários de drogas ilícitas era de 51%.
Entre os 1.699 indivíduos “HSH” não usuários de drogas ilícitas, somente 25 (1,5%) se encontravam positivos para hepatite C. Entre 3.455 homens heterossexuais não usuários de drogas ilícitas foi encontrado que 3,6% deles eram positivos para hepatite C. Curiosamente a hepatite C foi encontrada em menor prevalência entre os indivíduos “HSH” (homens que fazem sexo com homens) quando os mesmos não utilizam drogas ilícitas.
Os autores demonstram o gasto inútil que representa a recomendação de testar rotineiramente indivíduos “HSH” que não utilizam drogas injetáveis. Recomendam porem que todos os indivíduos “HSH” infectados com HIV/AIDS deveriam ser testados para a hepatite C, devido ao alto risco de complicações que a co-infecção representa.
MEU COMENTÁRIO:
Embora a transmissão sexual da hepatite C possa ser possível caso aconteçam ferimentos em ambos os parceiros, o estudo em questão mostra que o sexo anal não representa um fator de risco de transmissão da doença, não se encontrando diferenças significantes da prevalencia de hepatite C nos praticantes do sexo anal.
Com os resultados do estudo e de outros que estão em andamento na Europa, confirmando previamente os resultados, mais um mito em relação à forma de transmissão da hepatite C está sendo definitivamente superado, enterrado.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
J Buffington, PJ Murray, K Schlanger, and others. Low Prevalence of Hepatitis C Virus Antibody in Men Who Have Sex With Men Who Do Not Inject Drugs. Public Health Reports 122 (suppl 2): 63-67. September 2007.
Carlos Varaldo
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