É conhecido que pessoas infectadas com hepatite C possuem cinco vezes maior possibilidade de desenvolver diabete tipo 2 que a população em geral. O vírus da hepatite C pode provocar em elevado número de infectados um aumento dos níveis de glicose no sangue, fato conhecido como intolerância a glicose. Estudos recentes comprovam ainda que a intolerância a glicose seja um fator de risco aumentando para o aparecimento do câncer no fígado.
Também é conhecido que um fator importante para se conseguir sucesso no tratamento da hepatite C é o nível de resistência a insulina, causada pelo aumento da glicose. Indivíduos com maior resistência a insulina possuem menor possibilidade de cura. Por isso, melhorar a resistência a insulina é muito importante, não somente para uma maior possibilidade de cura da hepatite C, mas como prevenção para não desenvolver um câncer no fígado.
Indivíduos com diabete tipo 2, a conhecida diabete que aparece na fase adulta, recebem a recomendação de realizar exercícios aeróbicos para melhorar a sensibilidade a insulina e reduzir o peso. Seguindo o mesmo principio os pesquisadores realizaram um estudo para esclarecer se o exercício aeróbico combinado a uma dieta nutricional estaria melhorando a resistência à insulina em pacientes infectados com hepatite C.
Os participantes do estudo receberam orientação nutricional a qual era reavaliada a cada dois meses. A dieta era balanceada para uma ingestão de 30 quilocalorias para cada kg de peso, por exemplo, um paciente de 60 kg recebia uma dieta de 1.800 kcal por dia e, um de 80 kg, uma dieta de 2.400 kcal.
O exercício aeróbico consistia de uma caminhada diária, de preferência em ritmo forte, com 8.000 passos por dia em área plana, o que representa uns quatro a cinco quilômetros, o que geralmente pode ser feito em uns 45 minutos.
Ao final do estudo 47% dos pacientes tinham conseguido cumprir a média de 8.000 passos por dia, com significante diminuição do peso corporal. Quando acontece somente uma dieta é comum o indivíduo perder peso e massa muscular, mas nos 47% dos pacientes que completaram os 8.000 passos por dia não aconteceu a indesejada perda de massa muscular.
Nesses pacientes os níveis das transaminases diminuíram significativamente, enquanto a albumina e o tempo de protombina não sofreram alteração. O índice HOMA-IR, que mede a resistência a insulina teve redução significativa. A qualidade de vida e a vitalidade dos participantes, medida pela escala SF-36, melhorou em todos os pacientes.
Concluem os autores que como exercício aeróbico basta caminhar 8.000 passos por dia, ou mais, para reduzir a obesidade e melhorar a resistência à insulina e, com isso possuir maior possibilidade de cura ao realizar o tratamento da hepatite C. Recomendam os autores novas pesquisas para comprovar se o exercício aeróbico pode impedir o desenvolvimento de câncer no fígado.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
AASLD 2010 – Abstract 1857 – Insulin resistance and obesity is improved by aerobic exercise that can be safely performed even by patients with hepatitis C virus – I. Konishi; Y. Hiasa; Y. Tokumoto; T. Mashiba; M. Abe; S. Furukawa; B. Matsuura; M. Onji.
Carlos Varaldo
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