Estudos objetivando projetar o futuro da prevalência da hepatite C e suas complicações são interessantes de analisar para melhor entender o porquê é necessário que os governos tenham uma atuação rápida e efetiva no enfrentamento da epidemia.
Um desses estudos realizados em 2010 desenvolveu um modelo multicorte da historia natural da doença para prever a evolução e os benefícios do tratamento.
Nos Estados Unidos (assim como pode ser aplicado na maioria dos países) a prevalência da hepatite C atingiu o pico no ano de 2001, quando naquele país era estimado que 3,6 milhões de americanos se encontravam infectados. A partir de 2001 o número total de infectados começa a diminuir devido à redução significativa de novos casos, resultado da utilização de sangue seguro e da universalização de seringas descartáveis e um maior controle na esterilização de instrumentos médicos e, também, maior rigor nas normas de biossegurança, ao tempo que infectados mais velhos já estavam morrendo e outros, diagnosticados e tratados, resultavam curados.
Também é conhecido que a progressão da fibrose é inversamente proporcional à idade do indivíduo, assim a cirrose e suas complicações são mais comuns após a idade de 60 anos, independente de quando a infecção aconteceu.
Atualmente é aceito que 25% dos infectados desenvolvem cirrose após os 60 anos de idade se não diagnosticados e não receberem cuidados ou tratamento. Os pesquisadores do estudo estimam que esse percentual possa chegar a atingir 45% dos infectados no ano de 2030 se os atuais infectados não forem diagnosticados. Estimam que a cirrose atinja seu pico em 2020 e a partir desse ano apresentará um declínio, porém a descompensação hepática e o câncer de fígado continuarão a aumentar por mais 10 a 13 anos após 2020.
Um dado interessante ao qual chegaram os pesquisadores é que se todos os atuais infectados fossem tratados imediatamente com interferon peguilado e ribavirina os casos de cirrose por culpa da hepatite C diminuiriam em 16%; os casos de descompensação hepática em 42%; os casos de câncer de fígado em 31% e, as mortes relacionadas com o fígado em 36%.
Concluem os autores que as complicações da hepatite C continuarão a aumentar na próxima década e afetarão principalmente aqueles com mais de 60 anos de idade. O tratamento com interferon peguilado e ribavirina apresenta pouca resposta terapêutica, mas uma ampla oferta de tratamentos com melhor resposta terapêutica de los novos medicamentos poderá reduzir significativamente o impacto da doença nos próximos anos.
MEU COMENTÁRIO:
Alerto neste ponto que na época em que o estudo foi realizado o tratamento ainda era realizado com interferon peguilado e ribavirina, tratamento com uma resposta terapêutica muito menor que a que hoje se consegue com os inibidores de proteases, assim, os benefícios que podem ser obtidos se considerarmos a resposta terapêutica dos novos tratamentos será ainda muito superior aos encontrados na pesquisa.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Aging of hepatitis C virus (HCV)-infected persons in the United States: a multiple cohort model of HCV prevalence and disease progression. – Davis GL; Alter MJ; El-Serag H; Poynard T; Jennings LW – Gastroenterology. 2010; 138(2):513-21, 521.e1-6 (ISSN: 1528-0012)
Division of Hepatology, Baylor University Medical Center and Baylor Regional Transplant Institute, Dallas, Texas, USA.
Carlos Varaldo
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