Hepatite C e Diabetes – Um fator de câncer no fígado

2115

Um estudo publicado em “Hepatology” mostra a estreita relação que existe entre a infecção com a hepatite C e o diabetes. A combinação das duas condições aumenta a possibilidade de desenvolver câncer no fígado.

O estudo fez uma analise retrospectiva de 4.302 pacientes acompanhados durante oito anos. Todos tinham sido submetidos a tratamento da hepatite C com interferon.

O câncer em geral aconteceu em 606 pacientes sendo 393 casos de câncer no fígado.

Após o tratamento da hepatite C o surgimento de câncer de estomago, cólon, pulmão, pâncreas, próstata e mama teve uma progressão de 2,4% aos 5 anos, de 5,1% aos 10 anos, de 9.8% aos 15 anos e de 18% aos 20 anos.

Entre os infectados com hepatite C que apresentavam diabete tipo 2 o surgimento de câncer de fígado teve uma progressão superior, de praticamente o dobro que os outros tipos de câncer. A progressão foi de 4,3% aos 5 anos, de 10,5% aos 10 anos, de 19,7% aos 15 anos e de 28% aos 20 anos.

Fatores associados ao câncer de fígado foram a cirrose (433 pacientes), o insucesso com o tratamento (2.402 pacientes) e o diabete tipo 2 (267 pacientes). Porém os pesquisadores alertam que entre os pacientes diabéticos com níveis de HbA1C inferior a 7% a possibilidade de câncer diminui.

O diabete tipo 2 também foi associado a uma maior possibilidade de câncer de pâncreas e gástrico.

MEU COMENTÁRIO:

Os resultados mostram diversos fatores que apresentam relação ao desenvolvimento de câncer que servem como fatores prognósticos para a prevenção necessária após o tratamento da hepatite C.

Nos infectados com hepatite C após o tratamento o diabete tipo 2 causa um aumento na probabilidade de desenvolver câncer no fígado 1,7 vezes maior que nos pacientes sem diabetes, o que indica a importância de se controlar com total rigor os níveis de glicose no sangue.

Manter a hemoglobina glicada (HbA1c) abaixo de 7% é fundamental como fator de prevenção. O acompanhamento por um endocrinologista, dieta especial, manter o peso ideal e praticar atividades físicas aeróbicas superiores aos 30 minutos durante um mínimo de cinco dias a semana é o melhor conselho que um diabético infectado com hepatite C pode receber.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Effect of type 2 diabetes on risk for malignancies included hepatocellular carcinoma in chronic hepatitis – Yasuji Arase, Mariko Kobayashi, Fumitaka Suzuki, Yoshiyuki Suzuki,Yusuke Kawamura, Norio Akuta, Masahiro Kobayashi, Hitomi Sezaki, Satoshi Saito, Tetsuya Hosaka, Kenji Ikeda, Hiromitsu Kumada, Tetsuro Kobayashi – Hepatology. 2012 Sep 18. doi: 10.1002/hep.26087

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com


IMPORTANTE: Os artigos se encontram em ordem cronológica. O avanço do conhecimento nas pesquisas pode tornar obsoleta qualquer colocação em poucos meses. Encontrando colocações diversas que possam ser consideradas controversas sempre considerar a informação mais atual, com data de publicação mais recente.


Carlos Varaldo e o Grupo Otimismo declaram não possuir conflitos de interesse com eventuais patrocinadores das diversas atividades.


Aviso legal: As informações deste texto são meramente informativas e não podem ser consideradas nem utilizadas como indicação medica.
É permitida a utilização das informações contidas nesta mensagem desde que citada a fonte: WWW.HEPATO.COM


O Grupo Otimismo é afiliado da AIGA – ALIANÇA INDEPENDENTE DOS GRUPOS DE APOIO