É comum encontrar colocações que comparam os novos medicamentos orais para tratamento da hepatite C com os medicamentos antirretrovirais utilizados no tratamento da AIDS, mas isso está errado.
Realmente, os antivirais de ação direta (DAA) para hepatite C que estão chegando a partir de 2014 faz em muito lembrar o aparecimento dos inibidores de proteases e não-nucleosídeos para HIV que apareceram lá pela década de 1990. Nas duas doenças os novos medicamentos revolucionaram o tratamento, mas as similaridades acabam nesse único ponto em comum.
A confusão acontece porque muitos deles são inibidores da replicação dos vírus atuando sobre diferentes setores da estrutura viral, como a proteases, a polimerase ou são inibidores do tipo nucleosídeos ou não-nucleosídeos que atuam sobre a polimerase. Como esses termos são comuns as estruturas dos vírus do HCV e do HIV é o motivo pelo que causam toda a confusão.
Mas as diferenças são totais. Para explicar e simplificar o texto, chamaremos os antivirais de ação direta para tratamento da hepatite C de “DAA” e os antirretrovirais para tratamento da AIDS de “ARV”, vejam então porque são medicamentos diferentes.
1 – AÇÃO NA REPLICAÇÃO VIRAL:
Os DDAs conseguem a erradicação viral na hepatite C, já os ARV conseguem suprimir a replicação, mas não erradicam o vírus do HIV.
2 – BENEFÍCIOS CLÍNICOS COM O TRATAMENTO:
Os DDAs revertem a fibrose, já os ARVs restauram o sistema imune afetado pelo HIV.
3 – INFLAMAÇÃO E SISTEMA IMUNE:
Os DDAs eliminam a inflamação do fígado, já os ARVs conseguem melhorar a imunidade.
4 – TRANSMISSÃO:
Os DDAs ao erradicar o vírus da hepatite C elimina a possibilidade de transmissão da doença, já os ARVs conseguem reduzir a possibilidade de transmissão do HIV, mas não com 100% de segurança.
5 – TOXICIDADE:
Os DDAs são utilizados por um período de tempo limitado e os efeitos tóxicos no organismo são reversíveis após a utilização, já os ARVs são utilizados por longo período, até de forma permanente, assim, a toxicidade no organismo é acumulativa.
Em resumem, podem ter nomes parecidos, atuar em setores dos vírus que possuem o mesmo nome, pode algum medicamento para tratamento oral da hepatite C ter sido desenvolvido de medicamentos utilizados no tratamento da AIDS, mas é evidente que são medicamentos totalmente diferentes. Achar que tudo é igual pode levar a se realizar tratamentos com medicamentos errados.
Carlos Varaldo
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