O café reduz a fibrose em pessoas com hepatites e com esteatose – AASLD 2015

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Estudo apresentado no AASLD comprova mais uma vez que o consumo de café está associado a um menor risco de desenvolver cirrose, de chegar ao câncer de fígado e obtém uma melhoria nos resultados dos exames relacionados a função hepática.

O maior benefício é visto na hepatite C e na esteatose hepática (NAFLD).

Um total de 433 pacientes com hepatite C, 166 com gordura no fígado e 525 com hepatite B, submetidos a exame do fígado não invasivo por elastografia transitória, foram entrevistados para conhecer o consumo de café, chá e consumo de bebidas alcoólicas.

A maioria dos participantes relatou que eles consumiam pouco café, com uma mediana de 1 a 2 xícaras por dia, 72% relataram beber café solúvel e 24% bebiam café expresso, c e os restantes café filtrado, fervido ou descafeinado. Entre os que bebiam chã 79,7% bebiam chã preto. O consumo médio diário de álcool foi pequeno, de cerca de 5 g / dia.

A rigidez média do fígado (fibrose) de todos os participantes ficou em 8,4 kPa. A gordura no fígado foi medida a partir de 2013 em 719 participantes, resultando numa média de 214 dB/m. (vide escala abaixo, no “Meu Comentário”)

Os pesquisadores analisaram pela idade, uso de bebidas alcoólicas, tabagismo e o peso, observando que o maior beneficio do café no grau de fibrose foi em infectados com hepatite C que bebiam 2 ou mais xícaras de café ao dia, entre os quais a medida de fibrose obteve um resultado 2 kPa menor, 13% a menos que os restantes participantes do estudo. O mesmo efeito não ocorreu em infectados com hepatite B ou com gordura no fígado (DHGNA).

Em relação ao grau de esteatose aqueles indivíduos que bebiam duas ou mais xícaras de café ao dia apresentavam uma média 9% inferior em comparação a média do total dos participantes (menos 23 dB/m).

Concluem os pesquisadores que o consumo de duas ou mais xícaras de café ao dia é café é benéfico para infectados com hepatite C, mas que não foi encontrado algum beneficio nos infectados com hepatite B ou doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) mas, a mesma quantidade de café foi benéfica na esteatose hepática (NAFLD)

MEU COMENTÁRIO

A elastografia transitória ou Fibroscan avalia a elasticidade do fígado ou “rigidez”. Escores mais altos de rigidez do fígado (expressas em quilo Pascal ou kPa) indicam maior lesão hepática. Uma pontuação abaixo de 6-7 kPa sugere fibrose ausente ou leve (estágio F0-F1), enquanto uma pontuação acima de 13-14 kPa sugere cirrose (estágio F4) em pessoas com hepatite C. (escalas e valores diferentes para avaliar na hepatite B e outras doenças do fígado).

Outra medida da elastografia transitória, expressa em decibéis por metro ou dB/m, é usada para avaliar esteatose hepática. Pontuações variam de 100 a 400, com uma pontuação acima de 250 sugerindo esteatose significativa.

Existem indivíduos intolerantes ao café, especialmente entre os já com cirrose, sendo evidente que essas pessoas não podem fazer uso da bebida. Também, não deve se exagerar no consumo, a recomendação é tomar no máximo entre 5 e 6 xícaras de café.

Os resultados do estudo são consistentes com o já publicado por outros estudos e adicionam evidencias sugerindo ser o café um suplemento benéfico em algumas doenças do fígado.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Coffee consumption reduces liver stiffness in those with hepatitis C and a non-invasive marker of steatosis in those with non-alcoholic fatty liver disease – Alexander Hodge, Sarah P. Lim, Evan Goh, Ophelia H. Wong, Philip Marsh, Virginia Knight1, Yong Song – AASLD 2015 – Abstract 47

Carlos Varaldo
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