Objetivos do tratamento da hepatite C – Quem deve ser tratado? – Quando tratar?

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O objetivo do tratamento de pessoas infectadas pela hepatite C é reduzir a mortalidade por qualquer causa e consequências adversas à saúde relacionadas com o fígado, incluindo doença hepática em estágio final e câncer de fígado.

O tratamento deveria ser recomendado para todos os infectados pela hepatite C. Indivíduos co-infectados HIV/HCV devem receber tratamento imediatamente, com qualquer grau de fibrose. O ideal seria iniciar o tratamento nas fases iniciais da doença, em pacientes com fibrose F0, F1 ou F2, quando a possibilidade de cura é superior a pacientes com F3 ou cirrose. Mas o preço dos novos medicamentos faz com que os sistemas públicos de saúde limitem o tratamento, compassivamente, aos pacientes com doença mais avançada.

A oferta de tratamentos na hepatite C vai no mesmo caminho que o tratamento do HIV/aids. Anos atrás somente eram tratados os mais graves, com 500 CD4, depois passou a 350 CD4 e atualmente em muitos países, inclusive no Brasil, o tratamento é dado a todos os infectados, em qualquer grau da doença. Isso foi possível devido a uma redução substancial no preço dos medicamentos. A concorrência com vários fabricantes de medicamentos para tratamento da hepatite C está provocando uma rápida diminuição nos preços. A minha previsão (para Brasil) é que no máximo três anos estarão sendo tratados infectados com fibrose a partir de F1.

Outra questão colocada em discussão é se neste momento em que os tratamentos são escassos deveriam receber tratamento aqueles com baixa expectativa de vida nos quais a cura da hepatite C não outorgaria uma maior sobrevida.

A cura da hepatite C é uma realidade. Os pacientes curados conseguem numerosos benefícios na sua saúde, diminui a inflamação, as transaminases voltam a valores normais, existe comprovadamente uma redução do grau de fibrose e da cirrose, diminui o risco de desenvolver câncer no fígado e se observa uma redução de 90% no risco de mortalidade relacionadas ao fígado ou ao transplante de fígado. Mas tudo isso se não existem outras condições ou doenças que continuem a prejudicar o fígado. De nada adianta curar a hepatite C e o paciente passar a abusar de bebidas alcoólicas, engordar muito, ficar sedentário, usar drogas, etc. etc.. O paciente deve fazer a sua parte!

FINALIZANDO

Apesar do tratamento oral curar entre 90% e 95% dos infectados com hepatite C ainda é preciso melhorar e encontrar uma cura universal para todos. Vários medicamentos estão em fase avançadas de pesquisa e deverão ser aprovados nos próximos dois ou três anos.

Por enquanto ainda existem algumas populações de infectados que podem se beneficiar, tal vez, com um maior tempo de tratamento ou com a adição da ribavirina. Temos também os que já se encontram com cirrose descompensada que podem ser curados com os medicamentos orais, no entanto no momento muitos são excluídos de alguns tratamentos por causa da toxicidade dos tratamentos.

E ainda, temos entre 5% e 10% que não respondem aos novos tratamentos orais. O que fazer com eles, como retratar, são perguntas que em pouco tempo teremos respostas e opções para resgatar esses infectados.

Carlos Varaldo
www.hepato.com
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