A urgência de diagnosticar a tratar a hepatite C nas pessoas vivendo com aids – EASL 2016

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Estudo apresentado no EASL 2016 mostra o aumento da incidência de câncer em pessoas que vivem com aids que estão também infectadas com hepatite C, avaliando esse impacto adicional do vírus C.

O câncer é cada vez mais comum entre as pessoas que vivem com aids. Diversos estudos documentaram a maior incidência de canceres de fígado e não fígado nas pessoas infectadas pela hepatite C. Este estudo comparou a incidência, características e tendências das pessoas que vivem com aids co-infectadas com a hepatite C com aquelas infectadas com a hepatite C sem aids, que desenvolveram um tumor.

O estudo, retrospectivo, incluiu todos os canceres em pessoas com aids atendidos entre 1993 e 2014 em um hospital da Espanha analisando os dados epidemiológicos, demográficos e imuno-virologicos. Os canceres foram classificados em dois grupos: os definitivamente atribuídos a aids e aqueles não relacionados a aids. A incidência foi avaliada por uma análise comparativa entre os mono infectados com aids e os co-infectados HIV/HCV.

Todos os pacientes foram acompanhados até a última consulta regular, a morte do paciente ou a simples perda dos pacientes por não mais comparecer ao hospital.

Das 2.318 pessoas vivendo com aids 185 desenvolveram pelo menos 1 tumor, entre os quais 117 eram nono infectados com aids e 68 co-infectados HIV/HCV.

Entre os que desenvolveram um tumor 81% dos pacientes eram do sexo masculino com idade média de 44 anos e 60% se encontravam em terapia antirretroviral para aids e 37% dos co-infectados HIV/HCV apresentavam cirrose.

Entre 1993 e 2014 o aparecimento de câncer aumentou mais entre os co-infectados HIV/HCV que entre os mono infectados com aids.

Entre os canceres que foram diagnosticados nas pessoas vivendo com aids mono infectadas, 32,7% eram linfoma não-Hodgkin; 25,7% sarcoma de Kaposi e 16,8% câncer de pulmão. Entre os co-infectados HIV/HCV, 27,1% desenvolveram câncer de fígado; 23,7% câncer de pulmão e 18,6% linfoma não-Hodgkin. Todos os cânceres de fígado (17 casos) foram diagnosticados nos co-infectados e após o ano de 2003.

Concluem os autores que a incidência de câncer é maior entre os co-infectados HIV/HCV que nas pessoas monoinfectadas com HIV. O vírus da hepatite C parece adicionar um risco de câncer em pessoas vivendo com aids, provavelmente devido ao aumento da inflamação e as manifestações extra-hepáticas da hepatite C.

MEU COMENTÁRIO

O custo presente e futuro para o sistema de saúde das pessoas co-infectadas com aids e hepatite C é elevado e de crescimento exponencial.

Atualmente em 12 ou no máximo 24 semanas de um tratamento simples e com mínimos efeitos colaterais os co-infectados HIV/HCV curam a hepatite C. É fácil avaliar que ações de prevenção, diagnóstico e tratamento objetivando a erradicação da hepatite C nos co-infectados são altamente fármaco econômicos para o sistema de saúde, diminuindo a carga da doença.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
INCREASING INCIDENCE OF CANCER IN PERSONS LIVING WITH HIV COINFECTED WITH HCV: AN ADDITIONAL IMPACT OF HCV INFECTION? – Alvaro Mena, Héctor Meijide, Iria Rodríguez-Osorio, Ángeles Castro-Iglesias, Sonia Pértega, Guillermo Rodríguez-Martínez, Berta Pernas, Josefa Baliñas, José D. Pedreira, Eva Poveda – Abstract FRI-155 – EASL 2016

Carlos Varaldo
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