Diagnosticados com hepatite C no Brasil. Qual é a realidade?

2031

Dados oficiais do Ministério da Saúde, publicados no SINAN/SVS/MS mostram que os casos confirmados de hepatite C notificados no Brasil, desde 1999, totalizam 152.712 casos, sendo 89.858 (58,8%) casos entre os homens e 62.796 (41,2%) entre as mulheres.

Os casos confirmados de hepatite C estão, em sua maioria, na faixa etária de 45 a 54 anos (29,6%); no entanto, quando estratificados segundo sexo, observa-se que os homens infectados são mais jovens que as mulheres. Entre os homens, a maioria dos casos está entre aqueles de 40 a 49 anos(32,3%), enquanto entre as mulheres a maioria tem 60 anos ou mais (22,9%).

Considerando que residem nas capitais 48 milhões de pessoas, representando 23,81% da população brasileira (Fonte IBGE) , em relação aos 152.712 casos diagnosticados no Brasil se observa que 36,7% dos casos foram diagnosticados nas capitais dos estados representando 1 indivíduo diagnosticado para cada 854 habitante das capitais. No interior dos estados onde residem 154 milhões de pessoas e os casos diagnosticados são 96.536 mostra que 1 brasileiro já foi diagnosticado entre cada 1.595 habitantes.

Dados mais que esclarecedores sobre a falta de diagnostico, e ainda, deve ser considerado que a notificação dos casos é falha, sendo estimado que até 50% dos casos positivos de anti-HCV nem sequer se confirmam por biologia molecular, portanto não entram nas estatísticas. Mas para realizar os cálculos devemos nos basear naquilo que oficialmente está publicado pelo ministério da saúde, por ser esse o único dado valido.

SITUAÇÃO NAS CAPITAIS

Os dados oficiais do Ministério da Saúde, publicados no SINAN/SVS/MS mostram detalhadamente os casos confirmados de hepatite C em cada capital dos estados, desde 1999 até 2015, se observando que existem capitais onde o diagnóstico é mínimo em relação ao tamanho da população. Em cada capital em 15 anos foram notificados os seguintes casos de hepatite C confirmados:

Capital Casos Notificados – Total de 2000/2014
São Paulo 23.331
Porto Alegre 9.976
Rio de Janeiro 6.221
Curitiba 2.824
Belo Horizonte 1.514
Florianópolis 1.450
Rio Branco 1.282
Salvador 1.221
Brasília 964
Goiânia 899
Manaus 890
Fortaleza 775
Porto Velho 558
Campo Grande 491
Recife 483
Cuiabá 443
São Luís 443
Aracaju 441
Maceió 372
Vitoria 335
Belém 308
João Pessoa 275
Macapá 218
Natal 189
Teresina 140
Boa Vista 90
Palmas 43
Total nas Capitais 56.176

SITUAÇÃO NO BRASIL

O total de casos diagnosticados notificados em todo Brasil é em média de 25.000 a cada ano, sem ter sofrido aumento nos últimos cinco anos.

2011 – 24.895 casos notificados no SINAN.
2012 – 26.168 casos notificados no SINAN.
2013 – 26.069 casos notificados no SINAN.
2014 – 24.386 casos notificados no SINAN.
2015 – 25.746 casos notificados no SINAN.

Uma análise desses dados mostra que não estamos avançando no diagnostico ou na notificação dos casos, tal paralisia confirma que evidentemente existe muito subnotificação. Nos últimos anos com a introdução do teste rápido nas unidades de saúde o diagnóstico, por lógica, deveria ter aumentado, mas porque o número de notificações não aumentou? Somente em 2015 foram 3 milhões de testes rápidos distribuídos pelo ministério!

Se a esse número de testes rápidos distribuídos pelo ministério somamos as quase 4 milhões de doações de sangue a cada ano e os testes realizados em laboratórios particulares e, também, as campanhas de detecção realizadas por instituições particulares e, considerando que 1% sejam positivos ao anti-HCV, é possível estimar que pelo menos uns 80.000 casos terão resultado positivos. Aproximadamente 75% dos anti-HCV positivos são confirmados como infectados na biologia molecular, assim, se todos os anti-HCV positivos tivessem realizado a biologia molecular 68.000 casos seriam confirmados e esse deveria ser o número constante no SINAN e não aproximadamente 25.000.

Fica evidente que muitos brasileiros com resultados anti-HCV positivos, provavelmente uns 30.000 a cada ano, não estão tendo o necessário seguimento com a realização da biologia molecular permanecendo ignorando sua condição de infectados cronicamente e sem receber a devida atenção e cuidados médicos.

PARA DISCUSSÃO

1 – O que está de errado com o sistema de notificação?

2 – Qual a dificuldade de completar a ficha de notificação?

3 – Porque os profissionais não realizam o seguimento dos casos anti-HCV positivos?

Carlos Varaldo
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