Um estudo que acaba de ser publicado no “Journal of Clinical Virology” encontrou em 479 testes anti-HCV positivos que 49% deles não foram confirmados no RIBA, ou seja, eram falsos positivos.
O estudo realizado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) analisou resultados de testes de participantes do Estudo Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES) coletados entre 2007 e 2012, no qual foram encontrados resultados positivos ao anti-HCV em aproximadamente 2% da população testada.
Foram realizados testes para diagnosticar a hepatite C em 22.359 indivíduos obtendo resultado positivo ao anti-HCV em 479 (2%). Para confirmação foi realizado o teste RIBA (atualmente deixou de ser utilizado e substituído pela biologia molecular) encontrando que 323 (68% dos 479 positivos ao anti-HCV) pacientes estavam realmente positivos e 105 (22%) eram falsos positivos e em 49 pacientes (10%) com resultado indeterminado no RIBA, provavelmente falsos positivos.
O resultado mostra que devido aos resultados falsos positivos, a prevalência global da infecção pela hepatite C foi muito mais baixa, com 218 pacientes realmente com hepatite C (51% do total dos anti-HCV positivos), um percentual bem menor do que seria esperado pela depuração espontânea da infecção, de aproximadamente 70 ou 75%.
Concluem os autores que todo resultado de um teste anti-HCV positivo deve ser obrigatoriamente seguido por um teste ARN/HCV (carga viral ou biologia molecular) a fim de confirmar se o indivíduo está realmente infectado, para então poder o paciente ser encaminhado para cuidados e tratamento para evitar a morbidade e mortalidade associadas a infecção pelo vírus da hepatite C.
A realização de testes para diagnosticar a hepatite C na população em geral encontra uma prevalência relativamente baixa e leva a muitos resultados falsos positivos segundo os autores do estudo.
MEU COMENTÁRIO
O resultado não é de estranhar para o Brasil. Testagem utilizando os testes rápidos quando realizados na população, geralmente em ruas, praças ou shoppings, não chegam a encontrar sequer 1% de resultados positivos e, lamentavelmente a maioria desses possíveis infectados não são seguidos com a realização da biologia molecular, assim, não existem dados para se estimar qual é o número provável de pessoas infectadas com hepatite C.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Prevalence of false-positive hepatitis C antibody results, National Health and Nutrition Examination Study (NHANES) 2007-2012 – Anne C. Moorman, Jan Drobenuic, Saleem Kamili – Division of Viral Hepatitis National Center for HIV, Hepatitis, STD, and TB Prevention, Centers for Disease Control and Prevention – Journal of Clinical Virology – April 2017Volume 89, Pages 1-4
Carlos Varaldo
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