Comentários do Congresso “HIV / HEP Americas 2017″

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Fico feliz de ver que pesquisadores e profissionais da saúde que cuidam da infecção pelo HIV / AIDS estão se preocupando cada dia mais pelas hepatites B e C.

No pré congresso, no dia anterior ao evento, a discussão foi destinada a comunidade, reunindo ONGs, médicos, pesquisadores e governo, para em conjunto encontrar soluções no enfrentamento do HIV / AIDS e das hepatites B e C, na região da América Latina e o Caribe.

Presentes representantes de 18 países a discussão foi baseada naquilo que em inglês é chamado de “P-S-P“.

– P – Por People (pessoas) infectadas as quais não podem ser esquecidas.

– S – Por Science (Ciência em espanhol ou português) representando o tratamento e cuidados dos pacientes baseados nas melhores evidencias científicas.

– P – Por Progress (Progresso) significando que devemos andar para frente e não aceitar retrocessos que por problemas de orçamento os governos queiram fazer cortes.

Chamou-me atenção que na América Latina, no HIV / AIDS, o número de homens em tratamento ser bem maior que o de mulheres, pois o percentual de mulheres infectadas é somente um pouco inferior que o de homens. Porque essa situação? A mulher não tem acesso ao tratamento? A mulher não procura atendimento? Na mulher o estigma a leva a esconder sua condição de infectada? Sinceramente não consegui encontrar explicação ou resposta sobre porque isso acontece.

Foi importante discutir que é necessária uma nova compreensão pelos profissionais da saúde já que nos co-infectados HIV / HCV a cura da hepatite C melhora o tratamento do HIV, sendo a hora de implementar estratégias de testar a hepatite C em todas as pessoas vivendo com HIV / AIDS e se positivos os tratar imediatamente.

Cabe a nós, como sociedade civil, incentivar as pessoas vivendo com HIV / AIDS a procurar o teste da hepatite C e exigir o tratamento da hepatite C.

Na América Latina é alarmante ficar sabendo que o diagnóstico da AIDS é tardio, quando os pacientes já estão em estado avançado da doença. A metade dos pacientes é diagnosticado quando o CD4 é menor que 350, em especial em indivíduos com mais de 50 anos, quando o CD4 é inferior a 200, mostrando um quadro grave da infecção. Um dos motivos do porque a mortalidade por AIDS na América Latina não apresenta redução. O número de mortes a cada ano é quase igual que o número de novos diagnosticados.

O tratamento da AIDS muito pode ensinar no tratamento da hepatite C com os novos medicamentos orais, pois é um tratamento praticamente igual e com a vantagem de ser de duração limitada, entre 12 e 24 semanas, com cura superior aos 93%, sendo o melhor ensinamento poder identificar a resistência viral nesses 7 % que não curam e assim poder oferecer uma nova opção de tratamento com medicamentos diferentes, específicos para o caso.

Melhorar o atendimento no HIV / AIDS e nas hepatites não é somente um problema de recursos financeiros. Ações como aumentar e facilitar o acesso ao tratamento para atender um maior número de pacientes no mesmo serviço, fazendo busca ativa dos infectados e os acolher com carinho no serviço são fundamentais para crescer no número de pacientes.

Colocaram as associações de pacientes presentes que é necessário entender que o estigma deve ser considerado como uma epidemia e o acolhimento carinhoso pelos profissionais da saúde será o melhor dos medicamentos.

Na hepatite C é ainda mais fácil já que infectados com fibrose leve ou moderada que curam com o tratamento são dados de alta, abrindo vagas para novos diagnosticados, sem sobrecarregar o profissional da saúde.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Apresentações durante o “HIV / HEP Americas 2017” nos dias 6, 7 e 8 de abril de 2017.

Carlos Varaldo
www.hepato.com
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