Hepatite C – Combinação de 2 ou 3 drogas para tratamento. Qual é a melhor opção de tratamento? – EASL 2017

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Uma apresentação oral do Dr. Jean-Michel Pawlotsky, (professor da Universidade de Paris-Est e diretor do Centro Nacional Francês de Referência para a Hepatite Viral B, C e Delta), abordou a discussão sobre se os novos medicamentos, alguns combinando duas e outros três drogas, são melhores, ou não.

Explicou que devem se considerar diversos fatores, como a potência individual de cada uma das drogas e a resistência viral delas, assim como compreender se a ribavirina é ou não é importante.

Em quanto a potência todos os novos compostos são eficientes, mas possuem uma cinética viral sensível ou resistente diferente, assim, a mesma combinação terá efeitos diferentes sobre diversas populações de infectados.

Apresentou dados de drogas atualmente em estudos, entre elas os inibidores do NS5A: odalasvir da Achillion, pibrentasvir da AbbVie e ruzasvir da Merck, e os inibidores de NS5B: AL-335 da Achillion, pibrentasvir da AbbVie e uprifosbuvir da Merck. Embora ainda estejam em estudos ele explicou que o ruzasvir melhorou muito, não apresentando nenhuma resistência viral e observando que a resistência foi menor do que a do daclatasvir, ou a do ledipasvir.

Analisando resultados comentou que o tratamento duplo, com duas drogas, utilizando glecaprevir e pibrentasvir (AbbVie) pode conseguir 100% de cura da hepatite C em todos os diferentes genótipos em pacientes com ou sem cirrose, mas que tal combinação não pode ser utilizada em pacientes com cirrosse descompensada.

Em combinações de três drogas o Viekira Pak® mostrou eficácia particular no genótipo 1-a. Explicou que Harvoni® é eficaz no genótipo 1-b, mas que a eficácia cai com certas variantes de resistência, sendo necessário adicionar ribavirina nesses casos.

Em relação ao Zepatier® da Merck, o efeito pode variar dependendo da carga viral inicial do doente, com uma carga viral inferior a 800.000 UI / ml, não há impacto de resistência viral, disse ele, já com uma carga viral acima de 800.000 UI / ml, a possibilidade de obter a cura será menor, porém adicionando ribavirina e levando o tratamento a 16 semanas aumenta a possiblidade de cura.

O professor Pawlotsky sugeriu que Epclusa® e a terapia tripla de SOF / VEL / voxilaprevir, apresentam um quadro complexo. O Epclusa® é bom, disse ele, sendo o genótipo 3 o problema, já que está associado a uma taxa de cura ligeiramente mais baixa. A adição de um terceiro fármaco, seja ribavirina ou voxilaprevir, é recomendada para o genótipo 3. Alertou que voxilaprevir não é recomendado para pacientes com cirrose descompensada.

Finalizando explicou que combinações de três drogas não são necessariamente melhores que combinações de duas drogas, ou que combinações de duas drogas não são necessariamente melhores que a combinação de três drogas, tendo cada combinação seu uso adequado a cada caso para se obter a maior possibilidade de cura do paciente.

Em termos gerais, é necessária uma terceira droga em pacientes com o genótipo 3, aqueles, com cirrose descompensada e naqueles não respondedores a um tratamento que utilizou os medicamentos orais livres de interferon.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Apresentação oral do Dr. Jean-Michel Pawlotsky no EASL 2017.

Carlos Varaldo
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