O Instituto Americano de Gastrenterologia (AGA) lançou uma atualização sobre como gerenciar pacientes com hepatite C que alcançaram a cura com o tratamento antiviral. A atualização da prática clínica foi publicada em “Gastroenterology“.
A atual definição de resposta virológica sustentada (RVS), considerada a cura da hepatite C é quando o infectado se encontra indetectável na carga viral às 12 semanas após o final do tratamento. Os infectados que atingem a RVS têm um risco de recidiva inferior a 1% e são considerados curados.
Os pacientes curados da hepatite C podem obter reduções no risco de morte e no desenvolvimento do câncer no fígado, bem com conseguir regressão nas alterações hepáticas, incluindo regressão da fibrose e da cirrose, mas podem ainda apresentar taxas mais elevadas de complicações relacionadas a hepatite C do que população em geral.
É importante que o paciente compreenda que no momento que fica curado da hepatite C ele ainda apresenta lesões no fígado que podem ser fibrose ou cirrose, podendo então vir a ter complicações futuras.
O Instituto Americano de Gastrenterologia (AGA) considera que com o aumento no número de infectados que resultam curados da hepatite C há uma necessidade de promover uma ampla compreensão entre os professionais da saúde a respeito de que pacientes podem ser dados de alta e quais devem permanecer sendo acompanhados rotineiramente e durante quanto tempo.
A atualização publicada oferece recomendações de melhores práticas para monitorar a carga viral após a cura da hepatite C, como monitorar uma vigilância sobre um possível aparecimento de câncer de fígado, como rastrear ou gerenciar varizes no esôfago em pacientes com cirrose, tudo com base nas evidencias disponíveis. Também discute o risco de reinfecção e as intervenções no estilo de vida do paciente.
Uma vez que a carga viral foi confirmada indetectável após 12 semanas do final do tratamento uma nova prova deve ser realizada 48 semanas após com o objetivo de detectar uma recaída virológica tardia. Se a carga viral deverá ser verificada de forma intermitente após 48 semanas indetectável deve ser baseado no risco individual de reinfecção do paciente.
Pacientes com fibrose F3 ou fibrose F4 (cirrose) devem ser monitorados para precocemente detectar o aparecimento de câncer no fígado, com ou sem realização do teste de alfa-feto-proteína, usando métodos de imagem duas vezes ao ano.
Pacientes com fibrose menos grave, F0, F2 e F2 não precisam ser submetidos a vigilância para câncer de fígado.
Os autores também recomendam realizar endoscopia em todos os pacientes com cirrose, mesmo em pacientes que obtiveram a cura. Pacientes com cirrose que apresentam varizes pequenas devem realizar uma endoscopia a cada 2 ou 3 anos após a cura.
Todos os pacientes curados da hepatite C devem ser informados sobre os fatores de risco que provocam lesões no fígado, como o consumo de bebidas alcoólicas, afim de evitar o agravamento da fibrose.
A atualização completa das recomendações para seguimento de pacientes curados da hepatite C do American Gastroenterological Association – AGA – são encontradas em http://www.gastrojournal.org/article/S0016-5085(17)30327-X/fulltext
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Jacobson IM, Lim JK, Fried MW. American Gastroenterological Association Institute clinical practice update-expert review: care of patients who have achieved a sustained virologic response after antiviral therapy for chronic hepatitis C infection. [published online March 23, 2017]. Gastroenterology. doi:10.1053/j.gastro.2017.03.018
Carlos Varaldo
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