Tratar infectados com hepatite C com fibrose F0, F1 e F2 aumenta a expectativa de vida – EASL 2017

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A maioria dos países que oferece tratamento para hepatite C limita o mesmo a pacientes que se encontram com fibrose F3 ou F4 (cirroses) e em alguns já são atendidos também os com fibrose F2.

Diversos estudos mostram que naqueles que conseguem a cura da hepatite C a expectativa de anos de vida aumenta consideravelmente, mas são poucos os estudos que avaliaram se a cura aumenta a expectativa de vida em infectados com fibrose F0, F1 e F2 que são curados com o tratamento.

Estudo realizado na Espanha apresentado no EASL 2017 analisou a mortalidade e morbilidade em infectados com hepatite C com fibrose leve ou moderada (F0, F1 e F2) curados há 10 anos com o tratamento antiviral.

Em analise retrospectiva realizada em 1.001 infectados com hepatite C mono-infectados com biopsia hepática anterior ao tratamento com resultados F0, F1 ou F2 comparou entre aqueles que resultados curados contra os que não obtiveram a cura ou não receberam tratamento, o aparecimento do câncer no fígado e o aumento ou diminuição na expectativa de anos de vida num período de 10 anos.

Dos 1.001 infectados 528 resultaram curados com o tratamento antiviral da época.

Na biopsia inicial 293 infectados estavam com fibrose F0, 540 com fibrose F1 e 168 com fibrose F2, todos infectados com o genótipo 1.

RESULTADOS APÓS 10 ANOS DE SEGUIMENTO DOS INFECTADOS:

– A progressão para a cirrose aconteceu em somente 1,9% dos infectados que resultaram curados e em 22,2% dos que não obtiveram sucesso no tratamento.

– Nenhum dos que resultaram curados chegou ao ponto de sofrer uma descompensação hepática, já entre os que não obtiveram a cura 7% apresentaram episódios de descompensação.

– Entre os que resultaram curados somente 1 infectado (0,2%) desenvolveu câncer de fígado e entre os não respondedores ao tratamento 4,7% desenvolveram câncer no fígado.

– 1,9% dos curados morreram durante o seguimento no período do estudo de 10 anos, contra 15,6% dos que não obtiveram a cura.

– Nos infectados com fibrose F0 a sobrevida aos 10 anos após o tratamento foi de 98% nos que resultaram curados contra 93% nos que não obtiveram a cura.

– Nos infectados com fibrose F1 a sobrevida aos 10 anos após o tratamento foi de 100% nos que resultaram curados contra 75% nos que não obtiveram a cura.

– Nos infectados com fibrose F2 a sobrevida aos 10 anos após o tratamento foi de 97% nos que resultaram curados contra 89% nos que não obtiveram a cura.

– Quando da analise multivariada o resultado mostra que a cura da hepatite C foi o preditor de uma maior expectativa de vida e, a idade e o nível da transaminase AST foram os preditores de mortalidade.

Concluem os autores que após 10 anos do tratamento da hepatite C a sobrevida em infectados com fibrose leve a moderada (F0, F1 e F2) é maior naqueles que resultaram curados que nos infectados que não obtiveram sucesso com o tratamento.

MEU COMENTÁRIO

Não seria necessário nenhum comentário já que os resultados mostram os imensos benefícios para os infectados e para os sistemas de saúde, motivo pelo qual todos devemos lutar para chegar o dia em que todos os diagnosticados com hepatite C recebam imediatamente o tratamento, como já acontece em alguns países na AIDS.

O nosso objetivo de luta deve ser TESTAR E TRATAR todos os infectados. E se continuarmos a lutar juntos e unidos poderemos conseguir!

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Survival in patients with chronic hepatitis C and mild-moderate fibrosis according to antiviral treatment response Marc Puigvehí, Susanna Coll, Agnès Raga, Agnès Soriano, Nuria Cañete, Teresa Broquetas, Montserrat García-Retortillo, Mar García, Javier Gimeno, Rosa Fernández, Beatriz Cabrero, Maria Dolors Giménez, Ricard Solà, José A. Carrión – EASL 2017 LiverTree – Abstract RS-3630

Carlos Varaldo
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