Estes pacientes deixaram de ser população especial?
Em 2006 das pessoas vivendo com HIV/AIDS em tratamento antirretroviral, 30% morriam de AIDS, 14% pela hepatite C, 9% por doença cardiovascular e 8% por diversos tipos de câncer não associados a AIDS. A hepatite C é a principal causa de morte nas pessoas com HIV.
Ainda não se conhece quantas pessoas com HIV estão infectadas com hepatite C no Brasil e na maioria dos países. Diversos pequenos estudos de prevalência no Brasil encontraram entre 4,1% e 82,4% de co-infectados, mas tais números não podem ser extrapolados ao total da população com HIV.
Os co-infectados HIV/HCV apresentam uma progressão de doença acelerada e, também, maior morbidade e mortalidade.
Comparados com HCV mono-infectados os co-infectados apresentam:
– Menor probabilidade de eliminação espontânea da hepatite C.
– Maior carga viral (maior infectividade, maior risco de transmissão vertical e sexual)
– Fibrose hepática acelerada, cirrose, descompensação, câncer de fígado e mortalidade relacionada à doença hepática.
O Protocolo brasileiro garante tratamento a todos os co-infectados, sem necessidade da biopsia, todos recebem o tratamento, com qualquer fibrose, devido a progressão mais acelerada da fibrose e da cirrose nesse grupo de pacientes que devem ser tratados imediatamente.
O tratamento da hepatite C nos co-infectados utilizando Sofosbuvir/ Daclatasvir com cirrose avançada, cura 92% dos infectados (94% com ribavirina e 92% sem ribavirina), com efeitos adversos raros, tratamento bem tolerado, e pouca interação com a medicação para tratamento da AIDS.
Dependendo do tratamento indicado e dos medicamentos antirretrovirais em uso algumas adequações de doses poderão ser necessárias.
No tratamento com sofosbuvir /daclatasvir a dose deverá ser ajustada de acordo com o antirretroviral em uso:
– Dolutegravir ou raltegravir – usar daclatasvir 60mg
– Efavirenz – usar daclatasvir 90 mg ou substituir efavirenz por dolutegravir
– Atazanavir / ritonavir – usar daclatasvir 30 mg ou substituir atazanavir/ ritonavir por dolutegravir
– Darunavir / ritonavir – usar daclatasvir 60 mg
– Lopinavir / ritonavir – usar daclatasvir 60 mg
– Tenofovir, abacavir e lamivudina – usar daclatasvir 60 mg
-Zidovudina – usar daclatasvir 60 mg.
– Zidovudina está contraindicado para uso com ribavirina
– Maraviroque – usar daclatasvir 60 mg
– Tipranavir é contraindicado para uso com sofosbuvir
– Nevirapina e etravirina não são recomendados com daclatasvir
Sempre revisar todas as medicações em uso e avaliar possíveis interações.
CONCLUSÕES: PACIENTES HCV/HIV
– Todos os pacientes co-infectados HCV/HIV devem ser tratados, independentemente da fibrose ou genótipo.
– Possibilidade de cura da hepatite C semelhante a pacientes mono-infectados.
– Há opções de ARVs com poucas interações com os DAAs (Lopinavir ou Raltegravir/Dolutegravir).
– Perfil de segurança: favorável em todos os subgrupos.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Apresentação no Hepato Pernambuco 2017 do Dr. Marcelo Ferreira.
Carlos Varaldo
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