Todos os que curam a hepatite C conseguem melhorar a fibrose? – EASL 2017

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Estudo realizado no hospital de Universidade de Karolinska na Suécia mostrou que se bem a maioria dos infectados que curam a hepatite C conseguem uma melhoria no grau da fibrose após a cura da hepatite C existe um subgrupo de pacientes que parece ter fibrose persistente ou mesmo uma progressão da fibrose.

Os pesquisadores estudaram o comportamento da fibrose após a cura em infectados que antes do tratamento apresentavam fibrose F3 ou F4 (cirrose) em 403 pacientes tratados entre os anos de 1992 e 2013.

Convocados novamente para avaliação foram submetidos a uma avaliação do grau de fibrose pelo FibroScan. Foi analisada a idade do paciente quando obteve a cura, a fase de fibrose inicial, o índice de massa corporal (peso do paciente), o consumo de bebidas alcoólicas e a presença de diabetes. Os impactos desses riscos na fibrose foram avaliados por regressão logística.

Os pacientes foram divididos em três grupos, sendo 115 pacientes com menos de cinco anos de curados da hepatite C; 70 pacientes com a cura conseguida entre 5 e 10 anos atrás e 84 pacientes com mais de 10 anos de curados.

No seguimento dos pacientes que antes do tratamento apresentavam fibrose avançada (F3) a maioria melhorou seu estágio da fibrose, mas 13% deles não obteve melhoria e 5% apresentaram progressão na fibrose. Naqueles que antes do tratamento se encontravam com cirrose (F4), 17% não obtiveram melhoria no estágio da fibrose.

No total dos pacientes a fibrose avançada diminui ao longo do tempo após a cura, naqueles com menos de 5 anos de curados, 31% apresentam fibrose avançada com um resultado do FibroScan de 9,5 kPa, já entre os curados entre 5 e 10 anos o percentual dos que apresentam fibrose avançada de 9,5 kPa é de 21% e entre aqueles com mais de 10 anos de curados a fibrose avançada medida pelo FibroScan de 9,5 kPa foi de somente 15%.

Os principais fatores de risco para a persistência da fibrose avançada foram encontrados nos pacientes com cirrose antes do tratamento, o fator idade naqueles com mais de 55 anos e o peso acima do ideal (IMC acima de 25).

Concluem os pesquisadores que a fibrose melhora após a cura da hepatite C na maioria dos infectados naqueles que antes do tratamento se encontravam com fibrose avançada (F3) ou cirrose (F4), melhoria que parece continuar ao longo do tempo, recomendando aos médicos que após a cura observem fatores como a idade do paciente e o peso por serem esses os principais fatores que podem influenciar negativamente na diminuição da fibrose.

MEUS COMENTÁRIOS:

1 – Os pacientes foram tratados entre os anos de 1992 e 2013, portanto todos tratados com interferon. Por ter o interferon um efeito anti fibrótico não se pode no momento expandir o resultado a infectados tratados com os medicamentos orais livres de interferon. Estudos com os novos medicamentos observando a redução da fibrose somente estarão disponíveis em alguns anos.

2 – O paciente não pode controlar a idade, mas fica claro que o peso ideal deve ser conseguido, pois aqueles acima do peso ou obesos praticamente não conseguiram benefícios em relação a diminuição da fibrose ou da cirrose.

3 – É mais uma comprovação que a cura da hepatite C obtém ganhos extraordinários na vida do paciente.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Long-term fibrosis improvement after sustained virologic response in patients with chronic hepatitis C and advanced fibrosis or cirrhosis – pre-treatment cirrhosis, older age and high body mass index increases the risk for persisting fibrosis – Magnus Hedenstierna, Ali Nangarhari, Ola Weiland, Soo Aleman – EASL 2017 – Abstract RS-1423

Carlos Varaldo
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