Hepatite C e Internet podem ser considerados irmãos gêmeos

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Há trinta anos, em 1989, o engenheiro britânico Tim Berners-Lee apresenta a ideia da Web (World Wide Web) e coloca a primeira página Web da história. No mesmo ano o agente etiológico do vírus da hepatite C foi identificado como uma sequência genética por Choo através de ensaios aleatórios de reação em cadeia da polimerase (PCR) em plasma de chimpanzés cronicamente infectados com hepatite não A, não B, que levou a o desenvolvimento de um teste de anticorpos do HCV de primeira geração que identificou o vírus da hepatite C como o vírus da maioria dos casos de hepatite não A, não B, anteriormente erradamente “diagnosticados”.Hepatite C, avanços, historico

Nesse ano de 1989 nascia uma revolução, ainda coisa simples, mas que hoje é exemplo incrível da capacidade de invenção dos cientistas. A primeira página Web não tinha cores, fotos ou vídeos. Nem gráficos nem animações. Apenas textos, hipertexto e um conjunto de menus bastantes confusos. Naquela época, nem o Windows nem o Google Chrome existiam, e os escassos computadores pessoais no mercado funcionavam de forma complexa e não-visual.

No mesmo ano de 1989 aconteceu outra revolução, a descoberta do vírus da hepatite C. Somente entre 1990 e 1993 testes para diagnosticar o vírus nas doações de sangue começam a serem utilizados.

A seguir um histórico de como evoluiu o tratamento da hepatite C, tomando como base a aprovação dos medicamentos nos Estados Unidos, por ser sempre o FDA – Food and Drug Administration o primeiro a aprovar os medicamentos no mundo.

Em 1991 o FDA – Food and Drug Administration, órgão de medicamentos dos Estados Unidos aprova o primeiro medicamento para tratamento da hepatite C, o interferon alfa (“Intron-A” da Schering).

Em 1996 o FDA – Food and Drug Administration, aprova o interferon alfa (“Roferon-A” da Roche) para tratar a hepatite C.

Aproximadamente nessa época surge o primeiro consenso de tratamento com interferon, com possibilidades de cura de aproximadamente 7% dos tratados.

Em 1997 o FDA – Food and Drug Administration, aprova o interferon de consenso (“Infergen” da Amgen-now InterMune) para tratar a hepatite C.

Em 1998 finalmente chega a Ribavirina aumentando a possibilidade de cura. O FDA – Food and Drug Administration, aprova o “Rebetron” da Schering que era uma combinação do Intron-A com ribavirina (não eram vendidos separadamente) aumentando a possibilidade de cura.

Finalmente em 2001 acontece a primeira revolução, quando o FDA – Food and Drug Administration aprova o “Peg-Intron” (interferon peguilado alfa-2b da Schering) e a seguir em 2002 é aprovado o “Pegasys” (interferon peguilado alfa-2a da Roche).

Após dez anos sem novidades de novos medicamentos, em 2011 o FDA aprova dos medicamentos, o Telaprevir e o Boceprevir, ambos são inibidores de protease, mas os efeitos colaterais e adversos são terríveis.

Em 2013 começam campanhas para encontrar os infectados. Os Estados Unidos recomendam testar todas as pessoas nascidas entre 1945 e 1965, indivíduos conhecidos como geração “baby boomers”.

Em 2013 acontece uma revolução que muda totalmente o tratamento da hepatite C. O FDA aprova o sofosbuvir (Sovaldi®). No mesmo ano é aprovado do simeprevir (Olysio®).

Em 2014 o FDA aprova a combinação sofosbuvir/ledipasvir em um só comprimido (Harvoni®). A seguir o FDA aprova a combinação VIEKIRA Pak contendo ombitasvir, paritaprevir, ritonavir e dasabuvir (VIEKIRA Pak®).

Em 2016 o FDA aprova a combinação elbasvir/grazoprevir (Zepatier®).

Em 2017 o FDA aprova o primeiro medicamento pangenotípico (atende todos infectados, todos os genotípos), medicamento que combina sofosbuvir/velpatasvir em um comprimido (Epclusa®).

Em 2017 o FDA aprova a combinação de sofosbuvir/velpatasvir/voxilaprevir (Vosevi®), aprovado como um medicamento pangenotípico para retratamento da maioria dos não respondedores aos medicamentos orais,

Em 2017 o FDA aprova a combinação glecaprevir/pibrentasvir (Maviret®), também de uso pangenotípico.

MINHA HOMENAGEM

O Dr. Michael Sofia, descobridor do sofosbuvir (o nome dado ao medicamento pela Gilead é uma homenagem a seu nome) e pelos milhões de infectados com hepatite C que estão conseguindo a cura merece receber o Prémio Nobel.

Carlos Varaldo
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