Aconteceu em Viena o Congresso Europeu de Fígado (entre os dias 10 e 14 de abril). A seguir um breve resumo dos principais pontos apresentados.
Na hepatite C praticamente somente se falou dos medicamentos de ação direta (orais sem interferon). A maioria dos estudos apresentados eram sobre resultados do tratamento na vida real. Um deles, realizado em 12 hospitais dos Estados Unidos e Europa relatou uma taxa de cura de 98,9% no tratamento com sofosbuvir/velpatasvir. Um estudo alemão utilizando glecaprevir/pibrentasvir obteve uma taxa de cura de 99,5% dos tratados.
Na hepatite B foram relatados resultados promissores em um estudo de fase 2 combinando tratamento com ABI-H0731+entecavir, em 28 dias de tratamento mostrou boa tolerância e excelente redução da carga viral. É necessário aguardar uma fase 3 para realmente podermos comemorar. Estudos com outras drogas realizados em ratos utilizando um anticorpo monoclonal (Lenvervimab) é uma esperança para novos tratamentos, atuando eficientemente contra o HBsAg e desestabilizando o cccDNA.
Muitas apresentações sobre NAFLD e NASH (esteatose não alcoólica) foram realizadas já que a quantidade de pessoas com deposito de gordura no fígado está aumento e sobrecarregando os sistemas de saúde. Ainda não existem medicamentos para tratar a esteatose, portanto, muitas pesquisas estão sendo realizadas pelas empresas farmacêuticas. Um estudo de fase 3 de nome “Regenerate” utilizando no tratamento o ácido obeticólico melhorou a fibrose e outros marcadores histológicos em pacientes. Mas a recomendação feita em vários estudos é a combinação de manter o peso ideal, ter uma dieta equilibrada, diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas e praticar exercícios físicos.
Na hepatite autoimune o estudo de fase 3 “Envision” tratou com a droga “givosiran” os sintomas da porfiria, conseguiu uma redução de 90% nos ataques neuroviscerais com risco de vida. Outros dois estudos, ainda na fase 2, mostraram boa eficácia no tratamento do prurido.
Nas complicações da cirrose o foco dos estudos apresentados foi sobre a priorização dos pacientes para indicação de transplante de fígado. Idade avançada, insuficiência respiratória, níveis de lactato e contagem de leucócitos reduzida foram todos identificados como fatores de risco pós-transplante de fígado.
Sobre câncer de fígado foi apresentada muita informação, auxiliando a melhor entender o conhecimento atual e para definir futuras áreas de pesquisa prospectiva sobre a evolução dos tumores hepáticos. Estudos da vida real de tratamentos de imunoterapia no câncer de fígado mostram resultados consistentes com os resultados dos ensaios clínicos. Dois estudos de fase 2, “Reach” e “Reach-2”, mostra que em pacientes não respondedores ao sorafenibe, o medicamento “ramicirumab” resulta num benefício de tratamento consistente e bem tolerado em pacientes com alfa-feto-proteína acima de 400 ng/ml.
Carlos Varaldo
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