No final de 2018 o ministério da saúde adquiriu 15.000 tratamentos sofosbuvir/daclatasvir (recebidos em 2019) e em 2020 mais 48.000 tratamentos (34.000: Harvoni, Epclusa e Maviret) recebendo dessa última compra os 14.000 restantes no mês de janeiro de 2020.
Pela frieza dos números é possível observar que no final de 2019 não existiam mais estoque de medicamentos e que a remessa de 14.000 tratamentos recebida em janeiro muito provavelmente já se encontra no fim.
Pela programação do ministério estava previsto um novo pregão de compras no mês de janeiro, mas não existe explicação do porquê até o momento o mesmo não aconteceu. Considerando que entre o pregão e a entrega do medicamento passam no mínimo quatro meses, lamentavelmente estaremos frente a falta de medicamentos para o tratamento da hepatite C.
Senhor ministro Dr. Luiz Henrique Mandetta é de total importância que o ministério da saúde informe um posicionamento sobre a situação, qual a solução que estão estudando. Seria uma tragédia detonar o excelente enfrentamento a hepatite C que foi desenvolvido no ano de 2019.
Aguardaremos uma nota do ministério explicando o que está acontecendo.
ANÁLISE DOS TRATAMENTOS DAS HEPATITES B E C EM 2019
Com o Painel das Hepatites Virais que o ministério da saúde acaba de publicar é possível analisar a distribuição aos estados dos 48.304 tratamentos de hepatite C e dos 35.597 tratamentos de hepatite B realizados no SUS em 2019.
A seguir relação de quantos infectados receberam tratamento em cada estado para as hepatites B e C em 2019:
Estado | Tratamentos Hepatite C | Tratamentos Hepatite B |
Acre | 332 | 322 |
Alagoas | 365 | 189 |
Amapá | 74 | 84 |
Amazonas | 369 | 170 |
Bahia | 1.624 | 932 |
Ceará | 411 | 349 |
Brasília | 425 | 413 |
Espírito Santo | 622 | 480 |
Goiás | 468 | 492 |
Maranhão | 500 | 412 |
Mato Grosso | 380 | 308 |
Mato Grosso do Sul | 362 | 349 |
Minas Gerais | 2.916 | 2.377 |
Pará | 987 | 222 |
Paraíba | 249 | 194 |
Paraná | 2.106 | 1.692 |
Pernambuco | 858 | 686 |
Piauí | 225 | 182 |
Rio de Janeiro | 4.001 | 2.857 |
Rio Grande do Norte | 234 | 159 |
Rio Grande do Sul | 8.279 | 6.417 |
Rondônia | 243 | 192 |
Roraima | 70 | 40 |
Santa Catarina | 2.715 | 2.091 |
São Paulo | 19.318 | 13.777 |
Sergipe | 190 | 130 |
Tocantins | 81 | 177 |
TOTAL | 48.304 | 35.597 |
ATÉ ONDE PODEMOS CHEGAR COM ESSES NÚMEROS?
HEPATITE C:
Considerando que a quantidade de infectados com hepatite C no Brasil seja de aproximadamente 657.000, em 2019 um total de 7.35% recebeu tratamento. Continuando a tratar uma média de 50.000 infectados a cada ano a meta de eliminar a hepatite C até o ano 2030 será conseguida.
HEPATITE B:
O número de infectados com hepatite B ainda não é conhecido com precisão, mas é estimado que sejam entre 700 e 900 mil infectados, dado que 35.597 estão em tratamento, o que corresponde a aproximadamente 4,5% dos infectados, esse é um percentual muito pequeno de infectados em tratamento, tratamento que é continuo, ou seja, diferentemente ao tratamento da hepatite C na hepatite B ao entrarem novos pacientes em tratamento o número de pacientes aumenta de forma exponencial. Para se chegar em 2030 oferecendo tratamento a todos os infectados com hepatite C será necessário aumentar o número de tratamentos em 40% a cada ano.
Deveriam ser tratados mais 14.000 infectados com hepatite B em 2020, atendendo um total de aproximadamente 50.000 infectados em tratamento. Já em 2021 seria necessário encontrar e oferecer tratamento a outros 20.000, totalizando 70.000 pacientes em tratamento e assim aumentando 40% a cada ano até o ano de 2030. Uma meta difícil de ser cumprida, já que depende de efetivas campanhas de testagem para poder encontrar os infectados.
Carlos Varaldo
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