Resumo das apresentações mais relevantes sobre hepatite C no Congresso Europeu do Fígado realizado em Londres – EASL 2022 – Junho 22-26 Londres

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Excesso de risco de mortalidade em pacientes com hepatite C depois de ser “curado” na era livre de interferon, resultados de três coortes de base populacional

Alerta importante deste estudo que mostra claramente que uma das principais causas de morte é que muitas pessoas tratadas com os medicamentos orais de ação direta que alcançam a cura, mas tiveram cirrose antes do tratamento NÃO estão recebendo vigilância adequada e recomendada, com acompanhamento com ultrassonografia ou ressonância magnética a cada 6 meses, conforme recomendado por todos os órgãos – AASLD, EASL.

Na pressa de tratar todo mundo isso vai se perdendo. Consequentemente, muitas pessoas que tinham cirrose antes do tratamento e deveriam ter vigilância após a cura não estão recebendo cuidados. Parte da culpa por não continuar com os cuidados médicos também é um sinal de que alguns dos pacientes acham que não é mais necessário continuar a cuidar do fígado, ignorando que foi eliminado o vírus, mas que a cirrose ou o dano hepático avançado ainda continuam lá.

(Dra Victoria Hamill Medical Statistician at Glasgow Caledonian University and Public Health Scotland – Hamill V, Wong S, Benselin J, Krajden M, Hayes PC, Mutimer D, Yu A, Dillon JF, Gelson W, Velásquez García HA, Johnson P, Barclay ST, Alvarez M, Toyoda H, Agarwal K, Fraser A, Bartlett S, Aldersley M, Bathgate A, Binka M, Richardson, Morling JR, Ryder SD, MacDonald D, Hutchinson S, Barnes E, Guha NI, Irving WL, Janjua NZ, Innes H)


A ‘epidemia vienense’ de hepatite C aguda na era dos antivirais de ação direta

A epidemia recentemente relatada de infecções agudas pelo vírus da hepatite C em Viena, observada predominantemente entre homens que fazem sexo com homens. Este estudo teve como objetivo investigar as tendências atuais da hepatite C aguda em Viena. Pacientes com hepatite C aguda entre 01/2007 e 12/2020 no Hospital Geral de Viena foram incluídos retrospectivamente e acompanhados após a eliminação/erradicação do vírus. A introdução do acesso irrestrito ao DAA após 17/09 definiu a ‘era DAA’, em comparação com a ‘era pré-DAA’ anterior a 17/09. Identificamos 134 casos agudos de hepatite C em 119 pacientes com idade média de 39 ± 9 anos na inclusão.

A maioria dos pacientes era do sexo masculino (92%), HIV-positivo (88%) e HSH (85%).

Outro marcador típico para o aumento do risco de transmissão do HCV é o status positivo para o HIV.No entanto, o aumento da implantação da PrEP nos últimos anos pode ter mudado esse paradigma. Como a PrEP permite proteção suficiente contra a infecção pelo HIV, os indivíduos envolvidos em práticas sexuais de alto risco provavelmente mantêm seu status de HIV negativo e, em alguns casos, até compensam em excesso aumentando seu comportamento de risco. Uma recente meta-análise de Ong et al.37 sobre DSTs entre usuários de PrEP relataram não apenas taxas extremamente altas de clamídia e gonorreia, mas também uma prevalência de HCV de 2% no início da PrEP. 56% dos HSH afetados estavam em uso de PrEP.

(David Chromy and others – Division of Gastroenterology and Hepatology, Department of Internal Medicine III, Medical University of Vienna, Vienna, Austria – Vienna HIV & Liver Study Group, Vienna, Austria – Department of Dermatology, Medical University of Vienna, Vienna, Austria – Department of Internal Medicine IV, Wilhelminenspital, Wiener Gesundheitsverbund (WiGeV) der Stadt Wien, Vienna, Austria – Center for Pathophysiology, Infectiology and Immunology, Institute of Immunology, Medical University Vienna, Vienna, Austria)


Inflamação reversa: idade biológica no HCV após cura

 Os infectados com hepatite C apresentam uma aceleração da idade biológica significativa. A eliminação da hepatite C resultou em um aumento significativo a longo prazo na modificação do DNA em todos os grupos de pacientes, aumentando a idade biológica.

Os oito pacientes com cirrose que desenvolveram câncer de fígado após a cura da hepatite C não mostraram evidência de replicação do vírus após a cura.

(C. Oltmanns, Z. Liu , J. Mischke, M. Urbanek-Quaing, J. Tauwaldt, H. Wedemeyer, A. R.M. Kraft, C. Xu, M. Cornberg – Centre for Individualized Infection Medicine (CIIM), c/o CRC Hanover – German Center for Infection Research – Department of Internal Medicine and Radboud Center for Infectious Diseases the Netherlands)


Mudança na fibrose e progressão clínica três anos após resposta virológica sustentada induzida por agentes antivirais diretos em indivíduos HIV/HCV

Seguimento de 393 pacientes após três anos da cura mostro uma significativa redução da fibrose, medida por APRI e FIB4, mostrando os benefícios da cura.

(M. CARNEVALI, L. DOMÍNGUEZ, O. BISBAL, D. RIAL-CRESTELO, R. RUBIO, F. PULIDO HIV Unit. Internal Medicine Department. Hospital Universitario 12 de Octubre, Madrid, Spain)


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Carlos Varaldo

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