A fadiga é considerada o principal sintoma que atinge considerável percentual de infectados com o vírus da hepatite C. Sintoma que prejudica a qualidade de vida do paciente chegando a ser em casos extremos altamente debilitante.
Estudo publicado no “Journal of Hepatology” analisa se o tratamento bem sucedido da hepatite C consegue alguma melhora clínica da fadiga nesses pacientes. No estudo, chamado “Virahep-C” foram incluídos 401 pacientes infectados com o genótipo 1 da hepatite C e receberam tratamento com interferon peguilado alfa 2-a e ribavirina durante 48 semanas.
Todos os pacientes passaram por analises clínicas dos sintomas referentes a fadiga de cada um antes, durante e após o tratamento, observando a presença (sim ou não) da fadiga e avaliando conforme uma escala de “gravidade” para cada paciente numa escala entre zero e 100. Também, eram observados os resultados dos exames clínicos, o grau de dano hepático e a carga viral que poderiam estar relacionados com o estado de fadiga e a sua incidência sobre a resposta terapêutica com o tratamento.
Dos 401 pacientes 52% relataram sentir fadiga nas consultas realizadas antes do tratamento, sendo que a fadiga era relatada por 59% das mulheres e 48% dos homens, ainda entre as mulheres ela foi avaliada mais grave, com nota 30 na escala empregada contra 22 entre os homens.
A fadiga atingia 66% dos pacientes com cirrose contra 49% dos que apresentavam menor fibrose, sendo a gravidade avaliada com nota 34 entre os cirróticos e nota 24 entre os que apresentavam fibrose moderada.
Nenhum outro parâmetro entre todos os observados pelos pesquisadores teve qualquer relação com a fadiga.
Durante o tratamento com interferon peguilado e ribavirina a fadiga aumentou, passando de 52% de pacientes que a relatavam antes de iniciar o tratamento para atingir 78% dos pacientes em tratamento e a gravidade também aumentou, passando de uma nota 25 antes do tratamento para uma nota 40 durante o tratamento.
Nos pacientes que obtiveram sucesso com o tratamento houve uma diminuição significativa na frequência e gravidade da fadiga. Antes do tratamento 52% dos pacientes relatavam fadiga e após o tratamento aqueles que obtiveram a cura somente 33% relatavam ainda sentir fadiga, sendo que a gravidade caiu de uma nota 27 antes do tratamento para uma nota 13 após o tratamento nos pacientes que resultaram curados.
Curiosamente os pacientes que conseguiram a cura da hepatite C (resposta sustentada) foram aqueles que sentiram maior fadiga durante o tratamento.
Concluem os pesquisadores que a fadiga é comum em pacientes infectados com hepatite C, mas a mesma não está associada aos parâmetros dos exames bioquímicos. Os pacientes que conseguem a cura apresentam substancial melhora da fadiga.
MEU COMENTÁRIO
Não surpreende o achado dos pesquisadores quando colocam que observaram que a cura da hepatite C foi obtida por aqueles pacientes que sentiram maior fadiga durante o tratamento. Isso corrobora diversos estudos que mostram que a anemia durante o tratamento, em especial nas primeiras oito semanas, é um fator preditivo de boa resposta ao tratamento.
Também é conveniente relembrar que estudos epidemiológicos já comprovaram que entre os recentemente infectados que nas primeiras semanas após o contagio apresentam sintomas como um quando febril e anormalidades nos exames bioquímicos é encontrada grande parte dos que conseguem a cura espontânea.
A reação do organismo ante um vírus provoca tais sintomas, tal qual acontece durante uma simples gripe. Podemos supor que assim seja durante o tratamento, quando os medicamentos estão combatendo o vírus da hepatite C.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Fatigue Before, During and After Antiviral Therapy of Chronic Hepatitis C: Results from the Virahep-C Study – Souvik Sarkar, Zhen Jiang, Donna M. Evon, Abdus S. Wahed, Jay H. Hoofnagle – Journal of Hepatology, published online in 03 July 2012
Carlos Varaldo
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