Indivíduos co-infectados com HIV e HCV apresentam um avanço acelerado na doença hepática devido à ativação imune / inflamação, a exposição a agentes anti-retrovirais e evolução da co-infecção pelo HCV. Polifenóis existentes no café têm várias propriedades hepatoprotetoras. O consumo de café já comprovou estar associada a um risco menor de resistência à insulina e níveis mais baixos de enzimas do fígado em pacientes co-infectados. No entanto a sua associação com a mortalidade geral é desconhecida. Este estudo teve como objetivo investigar o efeito do consumo de café e outros comportamentos de risco de mortalidade em pacientes co-infectados HIV/HCV.
O estudo ANRS CO13 HEPAVIH realizado na Francia em pacientes co-infectados com HIV/HCV com coleta de dados comportamentais, médicos e psicossocial por meio de questionários auto administrados no início do estudo e repetidos a cada 12 meses durante cinco anos para comparar a mortalidade relatada nesse período. Foi utilizado um modelo de riscos proporcionais de Cox para estudar o efeito do consumo de café sobre a mortalidade.
Entre 1.035 pacientes participantes aconteceram 77 mortes nos cinco anos do estudo. As principais causas das mortes estavam relacionadas a hepatite C, sendo o câncer de fígado responsável por 43% das mortes. Outros cânceres não relacionados com o HIV ou a hepatite C foram responsáveis por 12% das mortes.
No início do estudo 26,3% dos pacientes relataram beber 3 ou mais xicaras de café ao dia. Após analisar e ajustar os dados dos participantes em relação as condições de moradia, parceiros, consumo constante de álcool e tabaco, contagem de células CD4 acima de 200, tratamento da hepatite C, curado ou não da hepatite C e, não tratados, os pesquisadores encontraram que o risco de morte foi reduzido em 50% entre aqueles que bebiam três ou mais xicaras de café ao dia.
Concluem os pesquisadores que os resultados sugerem um possível efeito protetor do café sobre a elevada mortalidade em pacientes co-infectados HIV/HCV. E que essa associação com o café independe do estado imunológico do HIV e do HCV. Como a redução das mortes pode estar relacionado com propriedades anti-inflamatórias e anti-fibroticas colocam que é necessário realizar estudos para avaliar se extratos de café complementando a dieta também poderão conseguir o mesmo efeito.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Protective Effect of Coffee Intake on Mortality of French HIV-HCV-Infected Patients – Patrizia Carrieri; Camelia Protopopescu; Philippe Sogni; Linda Wittkop; David Zucman; Francois Dabis;Bruno Spire; Dominique Salmon-Ceron; for the the ANRS HEPAVIH CO13 study. – Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections (CROI), February 22-25, 2016, Boston. Abstract 549.
Carlos Varaldo
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