Heimar Antonio da Rocha Lopes – Brasil

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A minha história com a hepatite

-58 anos de idade, natural de Rio Branco-AC, sangue O positivo, fui doador voluntário por um período de quatro anos.

– Descobri ser portador do VÍRUS em 26.03.93, quando fui receber o resultado de um exame no Hemocentro de Rio Branco-AC.

– Possivelmente contrai o vírus através do uso de seringas e agulhas mal esterilizadas, pois nas décadas de 60 e 70, ainda não tínhamos seringas descartáveis e neste período também estive internado por um longo tempo com malária 4 cruzes falsípora.

– Não acreditando no resultado do exame, resolvi repetir o teste em três laboratórios diferentes, inclusive no FLEURY, em São Paulo, onde os resultados foram confirmados integralmente.

– Voltei com a certeza de que realmente era soro positivo para Hepatite C. E AGORA, FAZER O QUE, QUE DOENÇA E ESSA, TÊM CURA, EXISTE TRATAMENTO, QUANTO TEMPO TENHO DE VIDA? fiquei confuso e sem vontade de viver.

– Em seguida, procurei o medico infectologista Sebastião Viana das Neves (TIAO VIANA), que me solicitou os primeiros exames e passou todas as informações sobre as hepatites, principalmente como conviver com esta mazela silenciosa. Agradeço a ele, todo o conhecimento que tenho hoje, sobre o assunto.

– Em 24.08.94, iniciamos o 1° tratamento somente com Interferon ALFA 2-b, por não existir outro medicamento disponível para o momento sendo administrado 3.000.000/ui, 03 vezes por semana. Com 90 dias de tratamento conseguimos negativar o vírus, porem logo em seguida veio a recidiva e o tratamento suspenso em; 25.08.95, com PCR positivo.

– Em 31.07.l996, com essa derrota, iniciamos um novo tratamento. Carga Viral 10 A sétima – TGO – 81 e TGP 100, sendo utilizado somente Ribavirina, 1000mg, dose diária, por um período de 01 ano e 02 meses. Como seja, até 05.09.97, Sem sucesso, porém conseguimos a normalização das transaminases. Como se observa, TGO 32 e TGP 39.

– Com mais essa negativa. Em 20.06.96, realizamos uma biópsia hepática, revelando hepatite crônica ativa acentuada.

– Em 26.11.97, seguimos com o 3° tratamento utilizando a mesma terapêutica do tratamento anterior. Como seja, 1000mg de Ribavirina, dose diária. Até 26.11.98, mais um ano sem sucesso, o que muito conseguimos foi manter as transaminases normalizadas. TGO 42 e TGP 34.

– Mesmo não negativando o Vírus, estes resultados me animavam muito e mantinha a esperança de um dia conseguir um resultado satisfatório.

– Em 26.10.98, realizamos a 3° biópsia hepática, revelando um quadro já mais avançado. Hepatite crônica moderadamente ativa em transformação nodular, videolaparascopia identificou cirrose hepática micro nodular.

– Ainda em l998, apesar de todos os cuidados terapêuticos e transaminases normalizadas, tivemos uma surpresa, exames endoscópios mostraram Varizes Esofágicas de grosso calibre em potencial risco de sangramento.

– Começa ai, um verdadeiro martírio. entrei num programa de escleroterapia e ligadura elástica de varizes, sem sucesso, as varizes não paravam de surgir e a situação cada vez mais se agravava.

– Até, que em setembro de l998, tive a primeira hemorragia digestiva alta (HDA), fui internado as pressas, e a situação controlada provisoriamente.

– Em outubro de l998, tive a 2° hemorragia digestiva alta (HDA) fui para UTI, do Hospital São Camilo, em São Paulo, La realizaram os procedimentos de lavagem estomacal, ligadura elástica de varizes e outros, sempre com acompanhamento do Dr. Tércio, o qual agradeço muito pela presteza e atenção, a mim dispensado.

– Dado a gravidade do problema, em 05.ll.98, me foi solicitado uma ANGIOGRAFIA HEPÁTICA, revelando uma pressão na veia hepática ocluída de 40cm – H20.

– Devido ao alto gradiente entre a pressão portal e na veia hepática, foi indicado o Shunt Portossistemico.

– Em 11.11.1998, fui submetido à anastomose esplenorrenal Distal , apresentando boa evolução com alta em l7.ll.1998. Cirurgia realizada pelo especialista Dr. Tércio Genzini, médico cirurgião da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.

– Finalmente com essa intervenção cirúrgica conseguimos eliminar as varizes esofágicas, exames endoscópios revelam o sucesso da cirurgia até a presente data.

– Vencida a etapa das Varizes de esôfago, e ainda com PCR positivo, iniciamos o quarto tratamento desta feita, utilizamos somente ribaverina 500 mg,dose diária (manutensão ), por um período de cinco anos e oito meses,sem conseguirmos a negativação do vírus, porem as transaminases estiveram sempre nomalizadas durante esse período. O tratamento foi suspenso em 02/11/2004.

– Em 03/11/2004, iniciamos o 5° tratamento desta feita, utilizamos peg.180, uma vez por semana e ribaverina 1.250 mg, dose diária, com três meses de tratamento novamente conseguimos a negativação do vírus, logo após veio a recidiva e o tratamento suspenso em 27/04/2005, na ocasião sentia fortes dores nas articulações e intensa fibromialgia.

-Apesar dos insucessos não paramos por ai, carga viral ll7.094ui/ml, TGO, 71 E TGP, 78. Tivemos o início em 05/08/2008, do sexto tratamento, ultrasson revelando fígado com bordas arredondadas e ecotextura homogênea, apresentando atenuação difusa dos feixes sonoros.

– Mantivemos a mesma terapêutica do tratamento anterior, como seja peg180 administrado uma vez por semana e 1250mg de Ribavirina, dose diária. Em 06.092008, as dosagens foram reduzidas para peg90mg e Ribavirina 500mg, pelos fortes efeitos colaterais principalmente neutropenia.

– Já estamos com 01 ano e 08 meses neste sexto tratamento e previsão de seguir por mais oito meses e três PCRS negativos, como seja,
– primeiro, em 04.12.2008
– segundo, em 13.07.2009
– terceiro, em 26.01.2010

– Resumo:

1º tratamento- inicio 24/08/94 a 25/08/95= 1 ano, somente interferon.

2º tratamento- ínicio 31/07/96 a 05/09/97= 1 ano e dois meses, interferon e ribaverina.

3º tratamento- início 26/11/97 a 26/11/98= 1 ano, somente com ribaverina.

4º tratamento- inicio.23/.02/99 a 02/11/2004= 5 anos e 8 meses, somente ribavirina.

5º tratamento -inicio 03/11/2004 a 27/05/2005=6 meses, interferon e ribaverina.

6º tratamento- inicio 05/08/2008 a 20/04/2010= 1 ano e 8 meses, interferon e ribavirina.

– Somente interferon= 1 ano.

– Somente ribaverina= 6 anos e 8 meses.

– interferon e ribavirina= 3 anos e 6 meses.

– Total= 11 anos e 4 meses de tratamento.

– Quero a agradecer a Deus e também a Dra. Cirley Lobato, Dra. Judith Weirich, que me acompanham desde o inicio da minha peregrinação com hepatite C e Sr. Carlos Varaldo, por tudo que tem feito em prol dos hepatopatas. Bem como, ao governador Binho Marques/Senador Tião Viana, pela manutenção dos remédios excepcionais, PCR’S, Suportes Terapêuticos e outros, na rede publica Publica de Saúde, que tem sido de fundamental importância na melhoria da saúde do povo acreano e principalmente dos portadores de hepatite/AC.

– Estou muito otimista com os últimos resultados, tudo indica que a presença do vírus pode esta zerada, apesar de ainda não existir testes ultra-sensíveis que indiquem zero de carga viral. Contudo, PCR negativo e transaminases normalizadas pode ai, esta a cura da doença, o meu temor e com os microorganismos que conseguem se cronificar no organismo e lá, permanecem em latência microbiológicas, por isso a mais das vezes não se manifestam por sinais clínicos e não sabemos quando eles poderão acordar, daí a necessidade do paciente ser acompanhado permanentemente.

– O meu caso, é um caso raro, mas há uma explicação do porque poucos pacientes chegam a isso. O tratamento das hepatites e longo e exige muito sacrifícios as pessoas desistem porque não se sentem bem e o médico, porque nem todos os tratamentos são eficazes. Vejam o meu caso, tivemos a coragem e persistência para iniciar e recombinar vários tipos de tratamento até chegar ao resultado desejado. – Sugiro a todos os hepatopatas, buscarem motivação para enfrentar este vírus assassino, ter Fé e esperança e nunca desistir, um dia você vencera.

Abraços do Heimar

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com


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