No ano de 2007 mais exatamente no mês de Outubro, estive internada em um hospital de Porto Alegre por 16 dias.
Procurei o hospital porque sentia dores fortes no “baixo ventre” e então fiquei internada para investigação, passei esse tempo todo sem resultados concretos, cheguei a ser diagnosticada a amigos como se estivesse com câncer no útero. Foram 16 longos dias com medicações fortes, exames e inclusive passagens pelo centro cirúrgico para tentar coletar material para análise, mas sempre com resultados frustrantes.
Só depois de todos os tipos de exames, ecografias e o que mais eu tinha direito, foi solicitada uma videolaparoscopia para retirar esse material que estava alojado entre meu útero e meu intestino, no dia 20/11/2007.
No tão esperado dia fiz a cirurgia e fui para casa a espera do resultado no dia 08/01/2008. Voltei no dia e hora marcada e recebi o diagnóstico do Doutor que havia feito a cirurgia, eu tinha Endometriose e por isso já tinha tido 2 abortos espontâneos, até ai tudo bem, pois eu e meu marido já estávamos conformados em não ter mais filhos, já que eu tinha 2 do meu 1º casamento.
Sai do hospital mais tranqüila em saber que não era câncer e que eu levaria uma vida normal… alguns meses depois doei sangue para minha irmã, ela iria fazer uma cirurgia da vesícula e precisava de 2 doadores, fui eu e meu marido no Hemocentro de Porto Alegre no dia 29/07/2008, lá preenchemos várias fichas com perguntas do tipo você usa drogas? Tem relacionamentos extraconjugais? Alguma doença? entre outras… respondemos o questionário nos colocamos no cadastro mundial de doadores de medula e saímos bem felizes esperando um dia quem sabe ajudar alguém com nossa medula.
Descobri ser portadora do vírus da Hepatite C através da Epidemiologia de Gravataí no dia 29/09/2008, um dia depois de ter completado 28 anos. Recebi uma ligação as 18:00 horas da responsável pela área do município de Gravataí e a frase dela foi: Oi Josiane? Estou te ligando porque você tem hepatite C e preciso te fazer umas perguntas…!!! (hã?!?!?!) como assim??? Essa seria a melhor maneira de descobrir uma doença que nem eu mesma sabia direito como era?? Pois foi assim mesmo, para espanto dela eu ainda não havia sido notificada e ai por coincidência eu havia feito a doação para minha irmã. No dia 30/09 fui até o hemocentro por sugestão da menina que havia me ligado para confirmar se lá havia algum resultado também, chegando lá a confirmação, eu tinha hepatite C e nem o Hemocentro e nem o hospital havia me informado nada!!!! absolutamente nada, recebi em minha casa uma pesquisa de satisfação do hospital no ano de 2008 e só!!
Estou em tratamento psicológico e tento aceitar minha condição e entender que posso levar uma vida normal mesmo com o vírus.
Quando descobri o vírus tive vontade de morrer, pensei que não conseguiria conviver com isso até pela falta de informação sobre a doença. Achei que teria que me afastar da minha família para não colocá-los em risco, tentei afastar as pessoas de mim principalmente meu esposo porque eu tinha medo de contaminá-lo, não sabia até então que o vírus não era sexualmente transmissível.
Busquei informação, comecei a me integrar sobre tudo que dizia respeito à Hepatite C, era isso que eu precisava para conhecer, entender e aceitar o que eu estava passando.
Hoje faço parte de comunidades e ONGs relacionadas à doença e esse contato com pessoas que estão passando pelo mesmo sofrimento que eu, isso tem me ajudado muito, conhecer a doença e entender como ela age no meu corpo é saber exatamente o que ela vai mudar na minha vida.
Meu medo era além de tudo, o preconceito… tinha medo de como as pessoas iriam me tratar, se um simples chimarrão com amigos poderia me deixar em situação constrangedora, se usar o mesmo alicate que o meu marido ou até mesmo o aparelho de barbear, poderia ter contaminado ele nesse período em que não sabíamos da doença… hoje mudei minha rotina, já não uso aparelhos e alicates em comum, já não vou mais ao salão de beleza, não faço coisas que eu possa correr o risco de me cortar, como um simples corte de cebola… até o período menstrual me traz desconforto, acho que ver o meu sangue ainda não é uma tarefa muito fácil… sei que o preconceito também ainda é meu, mas meu esforço é justamente para mudar isso.
O tratamento com a Dra. Noeli tem me ajudado a superar esses medos e inseguranças que assombravam minha recuperação.
Tenho dois filhos de 9 e 6 anos, fiz exames neles também e graças a Deus o resultado foi negativo tanto para eles quanto para meu esposo. O fato de saber que não contaminei minha família alivia minha dor, não sei como seria se tivesse contaminado algum deles… só mudamos nossa rotina quando descobri a doença em 2008, e desde lá tudo tem sido diferente.
Ainda não estou em tratamento com Interferon por ser recente a contaminação e eu estar com (F0 A1 = Fibrose 0), o que significa que meu fígado ainda não mostra sinais visíveis de necrose, mas faço acompanhamento com o Gastroenterologista Dr. Leonardo Grillo no posto São Geraldo em Gravataí desde o dia 16/10/2008 mantendo exames regulares.
Mudando velhos hábitos vou levando minha vida e mantendo vigilância total no meu fígado para qualquer sinal de alteração. Estou buscando informações com outros médicos, pois em pesquisas realizadas através da internet descobri que posso obter a CURA se fizer o tratamento logo no inicio e por ser jovem, e estou em busca dessa CURA é assim que nós portadores e membros de ONGs chamamos o tão sonhado resultado do tratamento.
Carlos Varaldo
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