O “milagre” da cura da hepatite C

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Na era do tratamento da hepatite C utilizando o interferon, a cura da hepatite C era considerada um milagre, era necessário passar por longos meses de um penoso martírio para finalmente uns poucos serem agraciados com a cura, um verdadeiro milagre.

Lembro de 1995 quando meu tratamento levou 18 meses de interferon convencional (três por semana, 273 ampolas) e 21 meses de ribavirina (2.520 capsulas). Naquela época não existiam consensos, protocolos nem testes para determinar o genótipo, era tudo feito no escuro, na tentativa de erros e acertos para salvar o infectado. Pelo menos para mim valeu o sofrimento e obtive o milagre da cura. Em setembro completarei 20 anos de curado da hepatite C!

Os primeiros tratamentos no início da década dos 90 utilizavam somente o interferon convencional logrando a cura de 7% dos pacientes. Nos anos finais da década passa a se incluir a ribavirina e a possibilidade de cura aumenta um pouco, mas é o aparecimento do interferon peguilado na virada da década que resulta no primeiro grande avanço, chegando a curar, segundo os ensaios clínicos realizados para aprovação pelo FDA, 42% dos pacientes brancos (a metade se o paciente era de raça negra) em 11 meses de tratamento combinando a ribavirina. Já na vida real, a realidade mostrou que a cura acontecia em aproximadamente 30% dos infectados.

Aparecem depois os inibidores de proteases (Boceprevir® e Telaprevir®) festejados no mundo científico e odiados pelos infectados que se submetiam ao tratamento com esses medicamentos, pois os efeitos adversos aumentavam de forma exponencial. Tiveram vida curta, menos de três anos, mas entre mortos e feridos conseguiram curar até 60% dos infectados.

Obter a cura continuava o milagre que somente se conseguia passando por um martírio que parecia ser o que passou Jesus antes de ser sacrificado.

E finalmente aparece o Dr. Michael Sofia, descobridor do sofosbuvir (o nome dado ao medicamento pela Gilead é uma homenagem a seu nome) e acontece um novo milagre, o que realmente cura mais de 93% dos infectados eliminado o penoso martírio para se conseguir a cura por milagre.

Agora a cura é possível, novos medicamentos em faze de registro logram curar 98% dos infectados, em todos os genótipos, em tratamentos de oito ou doze semanas e praticamente sem efeitos colaterais, com somente um comprimido ao dia.

 

Os novos tratamentos são um milagre que acabaram com o milagre que até pouco tempo atrás era lograr a cura da hepatite C

 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
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