Hoje foi o primeiro dia do “Congresso Europeu de Fígado – EASL 2017” aqui em Amsterdam, Holanda, dia em que médicos, pesquisadores, indústria e associações de pacientes conversamos sobre as expectativas do que será apresentado e discutido durante os cinco dias de atividades.
A atenção na hepatite C estará dividida em diversos aspectos, um deles será certamente sobre os resultados obtidos na vida real após mais de 1 milhão de pacientes tratados com sofosbuvir e suas diversas combinações (daclatasvir, simeprevir e ledipasvir) e o 3D (Ombitasvir / paritaprevir / ritonavir / dasabuvir) , saberemos também dos primeiros resultados com o Epclusa® (sofosbuvir / velpatasvir), e o Zepatier® (Elbasvir/ grazoprevir).
Mas certamente a grande expectativa será com os três novos medicamentos que proximamente deverão estar aprovados pelo FDA, a combinação de três drogas, sofosbuvir / velpatasvir / voxilaprevir da Gilead; a combinação de duas drogas, gleaprevir / pibrentasvir da Abbvie e, também, a combinação grazoprevir / ruzasvir / MK-3682 da Merck. É esperado que todos esses estarão aprovados até o final de 2017.
A chegada desses três novos medicamentos será mais uma revolução no tratamento, pois apresentam índices de cura entre 98% e 100%, são pan-genótipos, isto é não será necessário realizar o teste do genótipo e certamente chegaremos a oito semanas de tratamento.
Certamente presenciaremos uma boa briga entre os três fabricantes, Gilead, Abbvie e Merck cada um tentando mostrar aos professionais da saúde que seu medicamento é o melhor, briga essa muito boa para os pacientes que serão beneficiados não somente com medicamentos de última geração, mas também com a concorrência entre as empresas o que resulta em menores preços.
Conversando com algumas associações de pacientes presentes no congresso falávamos que aqueles países que possam oferecer tratamentos para todos, implementando políticas de “testar e tratar” todos os infectados, com qualquer dano no fígado, estarão não somente na política correta, como estarão poupando recursos já que com os medicamentos que estarão chegando, em aproximadamente 90% dos casos não será necessária a biopsia para se conhecer o grau de fibrose assim como a realização da genotipagem também não será necessária. O novo objetivo das associações de pacientes em muitos países será lutar para ter tratamento para todos os infectados, com qualquer grau de fibrose.
Também grande parte das associações de pacientes acreditam que aqueles países que estão querendo quebrar a patente do sofosbuvir estarão prejudicando os infectados. Falávamos que hoje um medicamento que cura abaixo de 90% é considerado sub ótimo nem sequer chega ao mercado já que existindo o sofosbuvir que cura 93% não conseguiriam vender. Quando da disponibilidade dos três novos medicamentos que conseguem curar acima de 98% dos infectados, o sofosbuvir estará condenado e os pacientes dos países que quebraram a patente estarão condenados a utilizar um medicamento que não é totalmente efetivo, considerado ultrapassado e muitos perderão a chance de curar a hepatite C. A inovação não pode parar, não pode ser prejudicada por propostas demagógicas de um nacionalismo estupido, é necessário negociar o preço e dispor sempre do melhor medicamento para o paciente.
Na hepatite B não será nos próximos cinco dias que teremos a grande novidade de medicamentos que curem a infecção. As pesquisas estão em andamento e os resultados estão sendo esperados para aproximadamente o ano 2020 quando a cura da hepatite B será possível. Mas saberemos do andamento e avanço nas pesquisas em algumas apresentações.
Na gordura no fígado (esteatose e Nash) deverão ser apresentados os resultados dos ensaios clínicos das empresas Gilead com o estudo de fase 2 com o selonsertib (GS-4997) utilizado em monoterapia ou em combinação com o outro candidato de NASH, o simtuzumab e, também serão apresentados os resultados preliminares da fase 3 do estudo REGENERATE que utiliza para o tratamento o “obeticholic acid” (OCA) da empresa Intercept Pharmaceuticals.
Teremos apresentações sobre a prevalência da hepatite C, são novos estudos e a maioria tenta encontrar um número de infectados que reflita a real quantidade de infectados, em especial com doença ativa. Os dados existentes mostram indivíduos com anticorpos, mas não necessariamente esses indivíduos estão infectados, assim, o número que realmente deve ser conhecido é o daqueles com carga viral, pois são esses os “doentes” e os que devem ser tratados.
Serão mais de 2.300 apresentações orais e em posters para todas as hepatites, transplantes, câncer de fígado, doenças do fígado, etc., 6.000 participantes e muita coisa ao mesmo tempo, sendo impossível estar presente em tudo. Todos os dias o congresso começa às 7.00 e as seções dos simpósios satélites acabam lá pelas 22.00 horas.
Não vai sobrar tempo durante o congresso para escrever, assim, na volta ao Brasil, após o dia 24, estarei dando início a divulgação daquilo que achei mais importante.
Carlos Varaldo
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