Novo estudo publicado no “BMJ Journals“, confirma que o consumo de café foi associado a um risco reduzido de desenvolver câncer de fígado primário (Carcinoma Hepatocelular) mostrando que o consumo de café com cafeína e, em menor grau, o café descafeinado está associado a um menor risco de aparecimento do câncer de fígado, em pessoas com ou sem doenças no fígado.
Vários estudos já tinham mostrado os efeitos positivos do café na doença hepática, a maioria desses estudos em relação a infectados com hepatite C observaram que pessoas que bebiam café apresentavam uma menor progressão da doença, inclusive com avanço mais lento na fibrose e na cirrose.
Esta foi a primeira meta-analise para calcular o risco de câncer de fígado para indivíduos que bebem entre 2 e 5 xicaras de café por dia, comparando o benefício do café com cafeína e o café descafeinado em pessoas com doenças que atacam o fígado e, também, em pessoas sem doença hepática. Foram analisadas publicações envolvendo 2.272.642 indivíduos.
– Foi encontrado que aqueles que consumiam 2 ou mais xicaras de café por dia apresentavam uma probabilidade 35% menor de desenvolver câncer de fígado que os não bebedores, confirmando estudos já publicados na literatura científica.
– Analisando especificamente os dados dos poucos estudos que especificaram o tipo de café mostraram que duas ou mais xicaras de café com cafeína conseguia uma redução de 27% na redução da possibilidade do desenvolvimento do câncer e, o café descafeinado conseguia uma redução de 14% nessa possibilidade, sendo esta a prova mais forte até o momento encontrada do efeito comparativo entre café com ou sem cafeína.
Colocam os autores que o café descafeinado pode ser mais aceitável para aqueles que não bebem café ou que limitam o consumo de café por causa de sintomas relacionados à cafeína. No entanto, os benefícios do café descafeinado parecem ser menores e menos certos do que para o café com cafeína
Concluem os autores que este estudo mostrou que entre 2 e 5 xícaras de café por dia estão associadas a uma redução de um terço na possibilidade de desenvolver câncer de fígado. Os achados são significativos, dada a crescente incidência de câncer de fígado e o prognóstico geral deficiente desta condição. Ensaios randomizados devem investigar a eficácia do aumento do consumo de café em pessoas com risco de câncer de fígado.
MEU COMENTÁRIO
Estudos de base observacionais da população e retrospectivos são importantes, mas sempre podem existir variáveis que influenciam nos resultados ao ser impossível avaliar comportamentos culturais e de estilos de vida dos indivíduos estudados.
Mas na impossibilidade de se realizar um ensaio clínico com grande número de participantes que deveriam ser acompanhados por 20 ou 30 anos medindo continuamente o consumo de café, os dados deste estudo são realmente importantes.
O café supostamente possui uma série de efeitos benéficos para a saúde além dos do fígado, incluindo menor incidência de doenças neurológicas, vários tipos de câncer e mortalidade por qualquer causa. No entanto danos potenciais do café também requerem uma investigação mais aprofundada, incluindo o risco aumentado de câncer de pulmão e fraturas ósseas.
É necessário lembrar que existem pessoas com intolerância ao café, especialmente em pessoas com cirrose, nos quais a metabolização da cafeína é muito mais lenta, portanto sempre se deve ser prudente no seu consumo.
Mas para os que gostam de um café, entre 2 e 5 xicaras por dia além de ser um prazer poderá trazer benefícios a saúde.
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Coffee, including caffeinated and decaffeinated coffee, and the risk of hepatocellular carcinoma: a systematic review and dose-response meta-analysis – Oliver John Kennedy, Paul Roderick, Ryan Buchanan, Jonathan Andrew Fallowfield, Peter Clive Hayes, Julie Parkes – BMJ Journals – Volume 7, Issue 5 – 7/5/e013739
Carlos Varaldo
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