Um alerta importante para quem curou a hepatite C discutido no “The Internacional Liver Congress – EASL 2018”

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Ficou em evidencia a preocupação de médicos e pesquisadores presentes no congresso europeu de fígado, o “The Internacional Liver Congress – EASL 2018” sobre o que acontece ou poderá acontecer com as pessoas que estão curando da hepatite C.

Quem cura da hepatite C deve ser dado de alta e esquecer que teve um problema no fígado? A resposta é NÃO.

Curar da hepatite C é muito importante, pois estamos eliminando do organismo um vírus que com o passar do tempo estaria nos levando a perda do fígado, a desenvolver cirrose, um câncer e certamente a morte, mas é importante ressaltar que quem cura da hepatite C não passa a ter um fígado novo, sem nenhum dano. Ao final do tratamento o fígado continuará tão danificado como estava antes do tratamento.

A regeneração da fibrose e até da cirrose é possível ao curar da hepatite C, mas isso não é imediato, podendo levar anos, sendo muito mais demorada em pessoas de maior idade.

Também é necessário lembrar que a maioria das pessoas não têm somente hepatite C, muitos também podem ter diabetes, pressão arterial, colesterol elevado, estão acima do peso ideal, são sedentários, não praticam atividades físicas, abusam de bebidas alcoólicas, são fumantes, a alimentação não é das mais saudáveis e, ainda, fazem uso de diversos medicamentos para varias condições de saúde. Se você leitor se inclui em alguma dessas situações, saiba então que pode estar continuando a atacar e afetar o seu fígado e nesses casos a regeneração do fígado dificilmente irá acontecer.

Pior ainda, se ao realizar o tratamento a pessoa já estava com cirrose ou com uma fibrose avançada, então deverá continuar com acompanhamento continuo de seu médico, pois o perigo nesses casos é o aparecimento do câncer do fígado. Veja que não é a hepatite C que leva ao câncer e sim a cirrose ou uma fibrose avançada.

Durante o Congresso a maioria das apresentações e discussões relacionadas a hepatite C foram sobre câncer de fígado, gordura no fígado (NASH), regeneração da fibrose e cirrose, e expectativa e qualidade de vida do paciente curado.

Tudo isso é um alerta porque com o aumento no número de infectados que resultam curados da hepatite C há uma necessidade de promover uma ampla compreensão entre os professionais da saúde a respeito de que pacientes podem ser dados de alta e quais devem permanecer sendo acompanhados rotineiramente e durante quanto tempo.

É necessário que sejam publicadas guias com recomendações de melhores práticas para monitorar o paciente curado da hepatite C, como monitorar uma vigilância sobre um possível aparecimento de câncer de fígado, como rastrear ou gerenciar varizes no esôfago em pacientes com cirrose, etc., etc., tudo com base nas evidencias cientificas.

Até o momento somente encontrei uma publicação, feita pelo Instituto Americano de Gastrenterologia (AGA) que lançou uma atualização sobre como gerenciar pacientes com hepatite C que alcançaram a cura com o tratamento antiviral. A atualização da prática clínica foi publicada em “Gastroenterology“, que pode ser vista (em Inglês) na página http://www.gastrojournal.org/article/S0016-5085(17)30327-X/fulltext

As Sociedades Médicas de todos os países deveriam ter uma preocupação semelhante em publicar recomendações similares em seus países para que os pacientes curados da hepatite C tenham um acompanhamento correto e dessa forma evitar problemas futuros que podem comprometer não somente a saúde, mas também a expectativa de anos de vida.

Carlos Varaldo
www.hepato.com
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