Com a coordenação da Dra. Andrea Dória (PE) a Dra. Cássia Mendes Correa (SP), consultora do Departamento IST/HIV/Hepatites Virais do Ministério da Saúde fez uma conferência sobre se é um mito ou uma realidade a erradicação da hepatite C neste século 21. Por problemas de agenda juntou-se nessa conferência um outro tema de outra mesa que trata sobre o “Custo – benefício de tratar pacientes F0-F1”, assim, vamos num só artigo resumir os dois.
Iniciou a apresentação mostrando o “Custo – benefício de tratar paciente F0-F1” conforme a nova política do Protocolo de Tratamento com o qual todos os infectados diagnosticados, com qualquer grau de danos no fígado receberão tratamento.
Mostrando diversos gráficos informou que segundo os cálculos do estudo matemático existem no Brasil aproximadamente 657.000 infectados com hepatite C que necessitam tratamento e, que por ser uma epidemia silenciosa e pela sua história natural é a maior causa de óbito entre as hepatites virais e a terceira causa de transplante de fígado no Brasil.
A seguir mostrou qual é o investimento necessário para o Brasil conseguir erradicar (eu prefiro falar em eliminar) a hepatite C mostrando que existem custos diretos e custos indiretos.
Os custos diretos são os relativos ao tratamento, testes diagnósticos, exames necessários, englobando o custo do tratamento antiviral.
Os custos indiretos compreendem o gerenciamento da doença, sendo o custo de hospitalização para tratamentos de doenças relacionadas a hepatite C, custos de internação e de cuidados ambulatorial, custos do tratamento da cirrose e do câncer de fígado e os custos com transplantes de fígado.
Colocando que o desafio será encontrar os infectados e esclarecendo que a medida que mais sejam diagnosticados fica cada vez mais difícil encontrar outros infectados, tendo seu “pico” de diagnosticados estimados no ano de 2024, apresentou um panorama de ações mostrando em anos intermediários a evolução das necessidades em relação aos custos diretos (medicamentos, testes e exames), mostrando que:
1 – Em função do número de diagnosticados é fácil prever que os tratamentos oferecidos serão 50.000 tratamentos em 2018; 540.000 em 2020 caindo para 23.000 em 2025 e 2030, quando estará cumprida a meta de encontrar 90% dos infectados com hepatite C.
2 – Isso leva a estimar a quantidade de testes rápidos que deverão ser realizados, sendo 9.448.000 em 2018; 16.001.000 em 2020; 20.295.000 em 2025 e 1.066.000 em 2030.
3 – A quantidade de testes de genotipagem deverá ser de 40.000 em 2018; 52.600 em 2020; 25.000 em 2025 e 25.000 em 2030.
4 – Serão necessários testes de carga viral, 150.000 em 2018; 52.600 em 2020; 69.000 em 2025 e 69.000 em 2030.
5 – E ao se falar em recursos financeiros, a preços atuais e sem considerar novas negociações para reduções de preços, que certamente irão acontecer, se chega a valores assustadores. Serão necessários 484 milhões de reais em 2018; 529 milhões em 2020; 238 milhões em 2025 e 219 milhões em 2030.
Como introdução seguiu explicando que no Brasil será possível, sim, eliminar a hepatite C até o ano de 2030 e que o plano de ação já foi aprovado em outubro de 2017 pela Comissão de Gestores Tripartites (CIT) que engloba todos os estados, municípios e governo federal.
Finalizou colocando que tratar todos os infectados é custo efetivo para o Brasil, um custo menor que não diagnosticar e não tratar. Colocou que é necessário estabelecer parcerias e políticas adequadas sendo necessário buscar a sustentabilidade do programa utilizando racionalmente os recursos disponíveis.
MEU COMENTÁRIO
Concordo plenamente que é possível eliminar a hepatite C até 2030, conforme resolução da Organização Mundial da Saúde – OMS. Melhor ainda é observar com orgulho que a OMS coloca o Brasil como um exemplo a ser seguido por outros países, e a OMS afirma que seremos um dos nove países nos quais existe um enfrentamento real para eliminar a hepatite C.
Acho que “eliminação” é a uma palavra mais correta que “erradicação”. Erradicar uma doença somente é possível se existisse uma vacina, mas quando se coloca que encontrar 90% dos infectados até 2030 resultara na eliminação de um grave problema de saúde, ficando um pequeno número de infectados e, que a partir de 2030 irão sendo encontrados paulatinamente.
Em relação ao item 5, sobre os recursos financeiros discordo dos valores apresentados sendo necessário esclarecer que estão calculados ao preço atual dos medicamentos (valores de 2017) e testes, mas não se considera que na saúde os preços diminuem ano após ano, a cada nova compra, assim a cada ano a necessidade de financiamento será cada vez menor. Também, com a introdução dos medicamentos pan-genótipos a necessidade da realização de testes da genotipagem será mínima.
NOTA: O Hepato Pernambuco é um Workshop. A diferença entre um Workshop e um congresso e que num Workshop são formadas mesas de especialistas para discutir um tema. Primeiro cada um faz uma apresentação e depois discutem entre todos e com a participação da plateia.
Carlos Varaldo
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