Um resumo dos principais tópicos discutidos no “Workshop Hepato Pernambuco 2019”, realizado em Recife nos dias 29, 30 e 31.
Lamentavelmente não cheguei a tempo para o primeiro dia, quando o tema era o “Transplante de Fígado”. Os dois dias seguintes foram dedicados as hepatites B e C e a gordura no fígado – NASH – (esteatose), da qual falarei na próxima semana.
O Brasil é o segundo país do mundo na quantidade de transplantes de fígado. Em 2018 foram realizados 2.182 transplantes, sendo 1.651 (75,6%) em hospitais privados e 531 (24,4%) em Hospitais públicos, sendo que praticamente todos eles, sejam em hospitais privados ou públicos, são pagos pelo SUS.
O nosso sistema de saúde – SUS – tem essas discrepâncias, enquanto muitas vezes não se encontra sequer atendimento num posto de saúde, existem ilhas de excelência que outorgam um atendimento de primeiro mundo, parece que existem diferentes “brasis” dentro do Brasil.
APRESENTAÇÃO DO “DEPARTAMENTO DE DOENÇAS DE CONDIÇÕES CRÔNICAS E INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS”
HEPATITE B
Na hepatite B, uma doença ainda considerada incurável, existe a cura funcional, que é a remissão virológica completa, com a qual se diminui a possibilidade de progredir para a cirrose e o câncer de fígado.
Os principais desafios na eliminação da hepatite B residem na baixa adesão da população para receber a vacina, o que pode ocasionar novos infectados e, nos infectados o problema é a falta de aderência ao tratamento, muitas vezes ocasionando resistência viral e perda do tratamento.
No Brasil temos gratuitamente o tratamento com interferon peguilado, com entecavir e tenofovir, o que existe de melhor no mundo. Até o final do ano deverá estar também o TAF, que é um tenofovir melhorado, que não causa problemas nos rins nem nos ossos. Se o TAF já estivesse disponível a falta do entecavir não teria causado problemas na sus substituição.
Existem muitas pesquisas e ensaios para se chegar a medicamentos que realmente curem a hepatite B. Neste momento são 52 pesquisas em andamento no mundo. Em aproximadamente quatro anos a cura de hepatite B será uma realidade, tal qual aconteceu com a hepatite C.
A prioridade para 2019/2010 é reduzir a transmissão vertical (durante o parto) da hepatite B da mãe para o filho.
HEPATITE C
O coordenador de hepatites do ministério da saúde mostrou que existem no Brasil 637.000 pessoas infectadas e que aproximadamente 160.000 já receberam tratamento.
O enfrentamento da hepatite C para 2019/2020 será o de ampliar e facilitar o diagnostico na atenção primaria, implementar ações de rastreamento em populações especificas, passar a utilizar teste rápido de fluido oral.
Está sendo mudado o fluxo com a simplificação do diagnostico (menos etapas para o paciente) para que em todo teste rápido positivo imediatamente se retire a amostra de sangue para realizar a confirmação pela carga viral e se positiva nessa mesma amostra de sangue realizar a genotipagem.
A nova diretriz é ampliar as estratégias de diagnostico em separado da testagem de HIV/AIDS. Dessa forma as campanhas serão mais direcionas, especificas.
ESTRATEGIAS DE MICRO ELIMINAÇÃO
As pessoas vivendo com HIV/AIDS serão testadas anualmente para hepatite C e, se positivas, entrarão em tratamento imediato.
Implementação de um plano de eliminação da hepatite C em pessoas em hemodiálise, evitando os surtos que podem acontecer nas clínicas.
Desenvolver ações em populações especificas (indígenas, ribeirinhos, privados de liberdade, comunidades terapêuticas, etc.) realizando o teste rápido e se positivo realizar carga viral e bioquímica rápida, entregando a medicação pangenotípica sofosbuvir / velpatasvir, tudo em somente uma visita.
MEDICAMENTOS PARA TRATAMENTO DAS HEPATITES
Está sendo acertado no Ministério da Saúde a mudança na gestão dos medicamentos para tratamentos das hepatites com a restruturação do modelo de acesso. Em fevereiro a Secretaria de Vigilância em Saúde e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos acordaram a transferência da gestão dos medicamentos das hepatites virais para o “Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis”.
Em um primeiro momento os medicamentos permanecerão no modelo de componente especializado, e passa a ser estudado como será a programação e dispensação objetivando diminuir o tempo de aceso.
Trata-se de uma velha reivindicação das associações de pacientes já que a distribuição dos medicamentos sempre foi um entrave para o infectado começar o tratamento, demorando meses de burocracia. Esperamos que com o novo fluxo de entrega o paciente, tendo a indicação de tratamento, passe a receber imediatamente os medicamentos.
O coordenador de Hepatites, Gláucio Junior, finalizou sua apresentação destacando os seguintes pontos:
– O acesso é o único desafio que resta no tratamento da hepatite C no Brasil.
– São necessários mais médicos envolvidos no tratamento das hepatites.
– Regimes pangenotípicos e fáceis de usar facilitarão o tratamento e a aderência do paciente.
– O desafio é simplificar!
Carlos Varaldo
www.hepato.com
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