Eliminar a Covid ou reduzir os danos?

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No Brasil, na hepatite C, ganhamos muita experiencia ao aplicar com sucesso o plano de eliminação da hepatite C até o ano de 2030 estabelecido pela Organização Mundial da Saúde – OMS – assim como também conseguimos excelentes resultados com os programas de “redução de danos” entre os usuários de drogas ilícitas, portanto, estamos em condições para meditar e avaliar sobre o que é possível a ser feito no enfrentamento da pandemia de Covid.

Obvio que o sonho do mundo todo seria a eliminação total da Covid, mas convenhamos que esse é um sonho impossível de cumprir, já que para tal toda a população do mundo, sete bilhões de pessoas, deveriam ser vacinadas, não somente em curto espaço de tempo, mas também com vacinas que tenham no mínimo 70% de efetividade. Somente dessa forma se conseguiria a desejada imunidade de rebanho.

Diferentemente da meta de eliminação da hepatite C, onde temos medicamentos que curam 97% dos infectados, buscar eliminar a Covid com vacinas de baixa efetividade não parece ser o caminho a ser seguido, pois a transmissão do vírus avança em ritmo mais rápido que aqueles que ganham imunidade pela vacinação. Estaremos sempre correndo atrás do vírus e das mutações e variantes que estão aparecendo.

A adesão às políticas para reduzir a transmissão da Covid insistindo no Lockdown, restrições, distanciamento social, uso de máscaras e álcool gel não parece possível de atingir a população. O ser humano é complicado, têm desejos conflitantes que influenciam os objetivos de curto e longo prazo. 

É consenso que entre usuários de drogas ilícitas as campanhas de maior sucesso são as de “redução de danos” objetivando evitar nesses esses indivíduos problemas de saúde. Os governos já entenderam há muito tempo que isso é mais efetivo que combater (eliminar) o uso das drogas ilícitas. Os resultados são animadores.

Então, se no enfrentamento da pandemia de Covid já se observa que a eliminação total pela vacinação é uma meta impossível de ser conseguida, o governo deveria enfrentar ações de “redução de danos” mais efetivas para todos, aqueles já infectados ou ainda não, conscientizando como verdadeiras campanhas sobre a necessidade de não aglomeração, uso de máscaras etc., e até aplicando com rigor multas a quem desrespeitar. A “redução de danos” é uma estratégia alternativa com efetivo sucesso nos sistemas de saúde pública para evitar o colapso do sistema de saúde.

Vemos então que tanto a eliminação da Covid pela vacinação como a “redução de danos” para evitar uma maior transmissão devem ser realizadas conjuntamente, não são divergentes em relação ao resultado que deve ser o melhor para o sistema de saúde pública.

Deveríamos ter inveja dos países que estão perto de eliminar a Covid pela vacinação, mas no Brasil ainda estamos longe de alcançar essa meta, não passando de um sonho.

Este é o pensamento do Grupo Otimismo, esperamos contribuir no debate para todos juntos vencer a pandemia.

Carlos Varaldo
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